Gol entra com pedido de recuperação judicial nos EUA; ações caem 14,28%

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A Gol anunciou nesta quinta-feira (25) que a companhia e as suas subsidiárias estão entrando com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. Agências de risco estimam que a dívida da empresa é de R$ 20 bilhões.

Com isso, as ações da Gol iniciaram o pregão desta sexta-feira (26) em forte queda. Às 10h22, os papéis caíam 14,28%, a R$ 5,52 cada um.

De acordo com a Gol, a medida é tomada para fortalecer sua posição financeira. A companhia afirmou ainda que todos os voos estão operando conforme programado e todas as passagens aéreas e reservas permanecem em vigor.

Em comunicado à imprensa, a companhia aérea afirmou que inicia o processo legal nos EUA, conhecido como Chapter 11, com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões.

O pedido foi feito no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York. “O Chapter 11 é um processo legal dos Estados Unidos utilizado pelas empresas para levantar capital, reestruturar as finanças e fortalecer operações comerciais no longo prazo, enquanto continuam a operar normalmente”, diz a empresa.

De acordo com a Gol, o financiamento está sujeito à aprovação judicial. A empresa esperar gerar caixa com as operações para ter liquidez “para apoiar as operações, que seguem normalmente, durante o processo de reestruturação financeira”.

“A GOL vem empreendendo esforços significativos para oferecer a melhor experiência de viagem aos Clientes, ao mesmo tempo em que melhorou sua lucratividade e posição financeira”, diz Celso Ferrer, CEO, no comunicado.

“Fizemos progressos notáveis até agora e acreditamos que este processo permitirá endereçar os desafios gerados pela pandemia”, diz Ferrer.

No fim do ano passado, a companhia contratou a consultoria da Seabury Capital, uma das maiores em reestruturação de dívida no setor aéreo.

A principal tarefa da Seabury seria buscar uma saída com os cerca de 25 lessores (arrendadores de aeronaves) para renegociar a dívida financeira.

Do total da dívida da empresa, cerca de R$ 3 bilhões vencem no curto prazo (em até 12 meses). A companhia, no entanto, não tem caixa suficiente para honrar esses compromissos, segundo pessoas a par das negociações.

O problema da Gol, afirmam agências de risco, não é operacional. Os resultados são positivos. No entanto, ela não tem novas garantias suficientes para trocar toda essa dívida vincenda.

No comunicado, a Gol destacou que obteve um dos melhores resultados operacionais para companhias aéreas da América Latina, e o quarto trimestre consecutivo de margens operacionais altas.

“A receita operacional líquida da companhia atingiu recorde histórico de R$ 4,7 bilhões, com crescimento de 16,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, principalmente devido à contribuição significativa das receitas vindas das unidades do Programa de Fidelidade Smiles e das operações de carga Gollog, que cresceram juntas um total de 65,1% no 3T23 (vs. 3T22) e totalizaram R$ 412,6 milhões no período”, diz.

“Em dezembro de 2023, a taxa de ocupação atingiu 82,7%, aumento de 4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os indicadores operacionais da GOL relacionados à pontualidade, regularidade, taxas de ocupação e uso diário da frota operacional demonstram seu foco em eficiência e produtividade.”

Com a confirmação do pedido, a Gol seguirá o caminho da Latam. Em maio de 2020, a rival foi ao Tribunal de Falências de Nova York. Em 2022, concluiu seu processo de reestruturação.

Joana Cunha/Folhapress

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