‘Desejo para Bolsonaro deixar governo vai se intensificar após pandemia’

                                                                              Foto: Romildo de Jesus

 

Contrário à abertura de um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido) neste momento, o governador Rui Costa (PT) afirmou, ontem, que o “desejo” pela saída do presidente vai se “intensificar” após o surto de coronavírus que atinge o Brasil e outras partes do mundo. Para o petista, debater o afastamento de Bolsonaro agora pode levar ao aumento de mortes provocadas pela covid-19 no país.

“Não é fácil (discutir esse assunto) em um enfrentamento de uma pandemia. Eu acho que, se o presidente não tem capacidade, competência para tocar o país, para administrar, ele deveria ou pedir licença para ficar meses afastado ou então renunciar. Eu, apesar de considerar um desastre completo, acho que se nós paralisarmos o país para tratar do impeachment, vamos acentuar o número de mortes. Quem vai pagar essa conta é o povo. Neste exato momento, não é fácil iniciar um processo de impeachment sem comprometer milhares de vidas humanas. Está comprovada a incapacidade [de Bolsonaro] de exercer suas funções desde o período de campanha. (…) Eu acho que passado esse momento vai se intensificar o desejo que ele saía o mais rápido possível (do governo) para não aprofundar o desastre no Brasil”, avaliou o governador, em entrevista à Carta Capital, transmitida ao vivo pelo Facebook.

Rui Costa afirmou, ainda, que não criou “grandes expectativas” sobre o depoimento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, à Polícia Federal. Para ele, Moro não iria denunciar uma série de crimes do presidente, pois, poderia ser acusado de prevaricação. O governador criticou Moro por supostamente negociar uma saída da pasta a uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). Essa acusação foi feita por Bolsonaro após o ex-aliado pedir demissão do cargo. “É algo gravíssimo. Um toma lá, dá cá impressionante. É um quadro muito triste. Lamentável”, pontuou.

O petista voltou a criticar o uso do sistema judiciário para “perseguição política”. Para ele, o caso Moro, que deixou a magistratura para ser ministro, servirá como “lição” de que não pode atrelar Justiça e política. “Ninguém merece ser perseguido por promotores de justiça. Ninguém merece ser perseguido por juízes. Espero que esse episódio todo tenha amadurecido as nossas instituições. A minha percepção é que está vendo esse amadurecimento de separar definitivamente a Justiça da política partidária, o Ministério Público dos interesses político-partidários”, declarou.

“A minha expectativa é que o Ministério Público tenha aprendido com essa experiência. Aprendido a lição de que vincular a Justiça a partir do político não dá certo, vincular atuação de Ministério Público à questão de ideológica, religiosa e partidária não dá certo. Essas entidades são entidades da sociedade”, emendou.

Estados

Rui Costa criticou o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado de ajuda a estados e municípios por causa do coronavírus. O governador admitiu que trabalhou para votar a proposta, que foi gestada na Câmara Alta do Congresso Nacional, mas disse que a matéria era “injusta”.

O pacote prevê repasses diretos de R$ 60 bilhões. “Trabalhei pela aprovação no Senado e na Câmara, embora eu seja um crítico ao projeto aprovado no Senado. Eu não consigo achar a lógica de ter estado brasileiro recebendo quatro vezes o valor per capita da Bahia. Eu não consigo achar uma lógica, algum critério justo por trás dessa coisa. (Eu trabalhei a favor porque) nós estamos vivendo em uma pandemia, uma emergência e os estados estão desesperados para manter os serviços públicos funcionando e não suportaríamos mais 30, 60 dias de debate”, pontuou. As informações são do jornal Tribuna da Bahia.

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