Rui Costa diz que está “prestes a anunciar” empresa para o lugar da Ford

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Cercadas por expectativa e discrição, as negociações sobre o futuro do parque industrial deixado pelo Complexo Ford em Camaçari, em fevereiro de 2021, após 21 anos de operação, podem estar chegando ao fim.

O otimismo vem do próprio governador. Em entrevista à reportagem do A Tarde, Rui Costa deu indícios que a divulgação do novo empreendimento é questão de tempo e só depende de detalhes.

“Temos algumas negociações em curso, que por motivos estratégicos não podem ser reveladas, mas estamos prestes a anunciar o empreendimento que ocupará a área deixada pela montadora norte-americana”, afirma.

Apesar de o governador não confirmar a identidade do grupo econômico, o meio político e o mercado apontam que a gigante chinesa BYD (Build Your Dreams), maior produtora de veículos elétricos do mundo, irá adquirir as instalações.

A BYD já mantém contratos com o governo do Estado no setor de transporte. No final de agosto, a empresa entregou 20 ônibus 100% elétricos para atender a Região Metropolitana de Salvador.

O grupo chinês também lidera o consórcio responsável pela construção e operação do VLT (sistema de transporte monotrilho) que ligará a região do Comércio, em Salvador, à Ilha de São João, no município de Simões Filho.

Questionada pela reportagem, a BYD, por meio de sua assessoria de comunicação, disse que não vai comentar se de fato negocia o controle do antigo parque industrial da Ford. No entanto, deixou claro que não pretende neste momento iniciar a produção de veículos no Brasil, pois dependeria de um maior “volume de mercado” para se estabelecer desta maneira no país.

A Ford deixou o Brasil após 100 anos operando no país. Além de Salvador, fechou as portas nas cidades paulistas de São Bernardo do Campo e Taubaté. O estado de São Paulo também viu a Mercedes-Benz e a Toyota encerrarem as unidades.

Desde o início do governo Bolsonaro, empresas de outros setores também partiram em debandada do país, como a Sony, LG, Roche, Glovo e a Forever 21.

“A Ford não foi a única empresa a deixar o Brasil devido às incertezas provocadas pelo Governo Federal na economia e na estabilidade democrática”, alerta Rui Costa. Por outro lado, o governador argumenta que sua gestão tem trabalhado para incentivar a geração de novas vagas no mercado de trabalho.

“Trabalhamos muito para a atração de novos investimentos para a Bahia. De 2015 até agora, trouxemos 409 empresas para o estado, sendo que 308 delas se instalaram no interior. No total, isso significou investimentos de R$ 46 bilhões, gerando 60 mil empregos”, explica.

Desde que a Ford encerrou as atividades em Camaçari, em meio à crise na economia e à epidemia da Covid-1, o governo do estado iniciou a busca por empresas interessadas em assumir a área de 4,7 milhões de metros quadrados.

Segundo especialistas, o tamanho do espaço e o volume de recursos necessários para recolocar a planta em operação exigem investidores com amplo poder financeiro.

As instalações deixadas pela Ford em Camaçari, a única da marca no Brasil a possuir todo o processo de fabricação dos veículos, inclui diversos setores da cadeia produtiva, como a Estamparia, a Pintura, produção de peças, entre outros, e atuação de várias empresas parceiras, que, juntas, abrigavam cerca de 10 mil trabalhadores. Fora os 80 mil empregos indiretos atingidos.  

A Tarde

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