Moro tem verba e tempo de TV sob risco após alianças esfriarem

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O ex-juiz Sergio Moro corre o risco de se candidatar à Presidência neste ano com baixíssimo tempo de propaganda eleitoral gratuita disponível para apresentar propostas e com um quinto de verba em relação a adversários. O esforço de Moro é para que o Podemos consiga atrair o apoio do Cidadania e, principalmente, da União Brasil —fusão de PSL e DEM— para sua coligação.

Nos últimos dias, entretanto, ambas as negociações esfriaram. No próximo dia 15, o diretório nacional do Cidadania irá se reunir para decidir se compõe uma federação com o partido do ex-magistrado ou com o PSDB. A tendência é que siga para uma aliança com os tucanos. A União Brasil, por sua vez, tem enfrentado pressão para não dar peso à candidatura de Moro, que é acusado por boa parte do Congresso de ter criminalizado a política quando esteve à frente da Operação Lava Jato.

O novo partido tem o maior naco da propaganda eleitoral gratuita e dispõe da maior parcela do fundo eleitoral. O apoio da sigla daria musculatura ao ex-juiz e ajudaria a atrair novas adesões ao projeto do ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL). Uma série de empecilhos políticos, no entanto, distanciou a União Brasil do Podemos nas últimas semanas.

A Justiça Eleitoral ainda irá anunciar exatamente quanto tempo de televisão terá cada partido. O Podemos calcula que serão cerca de 20 segundos, o que dificultaria o projeto de dar mais popularidade a Moro. Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estão à frente nas pesquisas, têm partidos com maior tempo para propaganda gratuita e, além disso, têm tratativas mais avançadas para compor alianças que ampliem ainda mais a exposição.

A mesma regra vale para dinheiro de campanha. As siglas de ambos dispõem de parte maior do fundo eleitoral, assim como os potenciais aliados dos dois. O Podemos receberá cerca de R$ 169 milhões, enquanto o PT deverá ter mais de R$ 486 milhões e o PL, um valor superior a R$ 275 milhões. Das conversas em andamento, apenas a União Brasil poderia fazer Moro competir com eles nesses dois quesitos. As resistências no novo partido à aliança, no entanto, cresceram nas últimas semanas.

Um dos empecilhos para o acordo é a candidatura do vice-presidente da sigla e ex-presidente do DEM, ACM Neto. Ele disputará o Governo da Bahia neste ano e avalia nos bastidores que o apoio a Moro poderia enfraquecê-lo no estado. Isso porque o ex-juiz consolidou-se como um dos maiores adversários de Lula, e a Bahia é justamente uma das unidades da Federação em que o petista tem maior popularidade.

As negociações para Moro ter o apoio da União Brasil envolvem a indicação do deputado federal e presidente do partido, Luciano Bivar (PE), a vice. A proximidade entre ambos os partidos já foi tanta que chegou-se a cogitar a filiação do ex-juiz à legenda recém-criada com a anuência do Podemos.

O atual partido de Moro cogitou a ideia porque ela daria força ao ex-juiz e também porque a legenda não precisaria destinar parte do fundo eleitoral à candidatura ao Palácio do Planalto, sobrando mais verba para os deputados. Nas últimas semanas, porém, o namoro esfriou. Hoje, nos bastidores, aliados de Moro já admitem que o apoio da União Brasil está distante.

Um dos sintomas do distanciamento é a negociação que passou a ser articulada entre o novo partido e o MDB para que formem uma federação. Caso isso se concretize, o apoio ao Podemos torna-se praticamente impossível. Além da dificuldade que esse movimento criaria em palanques estaduais, os caciques do MDB foram um dos mais atingidos pelas ações de Moro quando era juiz da Lava Jato, o que tem levado o pré-candidato a ser descartado de antemão das negociações entre as legendas.

Com informações de Matheus Teixeira / Folhapress

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