O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, em evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores) na última segunda-feira (4), que a militância sindical procure deputados e seus familiares na casa deles para pressionar a favor de propostas que interessam ao setor em um eventual governo petista, a partir de 2023.
“Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas na casa, não é para xingar não, é para conversar com ele, com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele, surte muito mais efeito do que fazer a manifestação em Brasília”, disse.
Em vídeo, o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) aparece carregando uma pistola enquanto explica onde fica sua casa, em Contagem (MG).
“Vou esperar vocês lá. Tanto sua turma, como você. Vai lá conversar com a minha esposa, com a minha filha. Vocês serão muito bem-vindos”, ameaçou, com a arma na mão.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) prometeu “pregar bala” em militantes que “mexerem” com o filho e avisou, também em vídeo, que na casa dela vigora a legítima defesa.
A reação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi mais leve. Ele divulgou a fala do ex-presidente nas redes sociais com as hashtags #ptnuncamais e #lulanacadeia e outras em defesa do pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula e Bolsonaro polarizam a disputa eleitoral. Segundo o Datafolha, o petista lidera as intenções de voto com 43%, seguido de Bolsonaro, com 26%.
Outro bolsonarista, o deputado Daniel Freitas (PL-AC), prometeu uma ação judicial contra o ex-presidente e disse que Lula quer ‘tocar o exército vermelho para cima das nossas famílias”.
“É irresponsável e criminosa a incitação de Lula”, disse outro apoiador do presidente, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS). “Questiono se nesse caso o ministro Alexandre de Moraes (do Supremo Tribunal Federal) pedirá a prisão do ex-presidiário Lula por essa ameaça ao Parlamento”.
O deputado Luiz Lima (PL-RJ) comparou o petista a Evo Morales, ex-presidente da Bolívia. “Se o Bolsonaro falasse o que o Lula falou, seria massacrado”, afirmou.
Cristina Camargo/Folhapress