Leilão do 5G: Corrida para o futuro que vale R$ 50 bilhões

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Está programado para esta quinta-feira, 4, o leilão do 5G. Dentro dos envelopes entregues pelos participantes qualificados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estará o que se entende como o futuro da atividade no País.

Além de o 5G representar um salto na maneira como as pessoas usam a tecnologia no seu dia a dia, com estabelecimento da infraestrutura necessária à implantação da chamada “internet das coisas”, o leilão é visto como uma oportunidade de ampliar a quantidade de competidores nesse mercado. O setor passa por uma concentração desde a venda da Oi Móvel para o grupo de rivais Vivo, TIM e Claro, por R$ 16,5 bilhões, no ano passado.

Existe a expectativa de que provedores regionais – ou até mesmo novas empresas no ramo – se habilitem a prestar serviços de telefonia e dados móveis caso arrematem algumas das faixas que serão ofertadas.

Este será o maior leilão já realizado pela Anatel, podendo movimentar R$ 49,7 bilhões. Desse total, R$ 10,6 bilhões são outorgas pelas faixas e R$ 39,1 bilhões compromissos de investimentos na implementação das redes. As faixas leiloadas – 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHZ – servirão tanto para ativar o 5G, quanto para ampliar o 4G.

O governo calcula que o 5G vai gerar US$ 1,2 trilhão em investimentos nos próximos 20 anos. A nova tecnologia promete velocidades até 20 vezes superiores às atuais, além de um tempo de resposta (latência) baixíssimo entre os dispositivos conectados. Isso vai permitir o desenvolvimento de novas aplicações, desde carros sem motorista até inovações na indústria, mineração e agricultura, entre outros setores.

“O leilão será crucial para definir o futuro do setor e nos dizer se este mercado terá novos entrantes ou se ficará circunscrito aos mesmos grupos”, afirma o analista sênior da consultoria Omdia, Ari Lopes. “Se os provedores regionais de fato adquirem frequência, podemos ver uma desconcentração.”

Em tese, há espaço para isso. A faixa de 3,5 Ghz – a mais visada para o 5G – oferecerá quatro lotes nacionais no leilão. Isso porque o certame foi desenhado numa época em que as quatro grandes teles atuavam no ramo. Mas, com a saída da Oi do setor móvel, sobrará um lote nacional à disposição de quem quiser se aventurar nesse mercado.

Por outro lado, há um desafio grande para novos entrantes. “Esse é um mercado altamente dominado. Para competir será necessário tirar cliente dos concorrentes, o que não é simples”, diz o consultor e ex-presidente da Anatel, Juarez Quadros do Nascimento.

“Um novo entrante vai ter que tomar cliente dos outros para se viabilizar financeiramente. E o edital é rigoroso em exigir que se comprove a instalação da infraestrutura”, afirma Quadros, referindo-se ao risco elevado de se investir sem ter um retorno à altura.

Vivo, TIM e Claro são nomes certos na disputa. Já a Oi não participará. Aliás, seu contrato de venda da rede móvel a impede de disputar o leilão. A subsidiária V.tal, voltada para construção de redes de fibra, também deve ficar de fora, como apurou o Estadão/Broadcast.

Operadoras regionais como Algar Telecom, Brisanet e o fundo Bordeaux (dono de Sercomtel) já confirmaram que vão disputar. O mesmo vale para a Iniciativa 5G, grupo que reúne 421 provedores regionais que constituíram uma empresa para representá-los no certame.

Outro nome certo é a Highline do Brasil, uma empresa de construção e operação de torres e antenas de telecomunicações. Frustrada na tentativa comprar a Oi Móvel, a companhia volta suas baterias para o 5G, mas não com o objetivo de atender o consumidor final e sim para construir uma rede neutra que possa ser “alugada” a provedores regionais, com os quais já vem alinhavando parcerias.

A companhia também busca fechar contratos com provedores regionais de grande porte que decidam arrematar as radiofrequências por conta própria no leilão, mas queiram contar com um parceiro para assumir os pesados compromissos de instalação de infraestrutura previstos no edital da Anatel. Ponta de lança da norte-americana Digital Bridge, plataforma de investimentos especializada em infraestrutura de telecomunicações, com US$ 30 bilhões em ativos sob gestão no mundo, a Highline já tem mais de 5 mil torres em operação no País, o que a coloca entre as grandes. Dessas, quase 900 foram adquiridas da Oi, em leilão que movimentou R$ 1 bilhão.

Nos últimos meses, também foi ventilada a possibilidade de fundos de investimento entrarem no leilão com um modelo de negócios semelhante ao da Highline. É o caso do BTG Pactual – que declinou, segundo apurou a reportagem – e do Pátria – que respondeu que não comenta “rumores de mercado”.

Com informações de Circe Bonatelli/Estadão Conteúdo

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