Janja fala besteira e faz governo apanhar mais com “taxação” da Shopee, dizem pesquisas

janja

O governo Lula teve acesso a pesquisas e monitoramentos que mostraram que a ampla maioria dos comentários sobre o fim da isenção de impostos no envio de encomendas de até US$ 50 (R$ 250) do exterior foi negativa.

A medida atinge diretamente consumidores de plataformas como Shopee, Shein e Aliexpress, que passarão a pagar 60% de imposto de importação sobre todo e qualquer produto que chegue de fora do país.

De acordo com três integrantes do governo ouvidos pela coluna, os levantamentos mostraram que cerca de 60% das pessoas criticaram a iniciativa logo depois do anúncio, contra cerca de 15% que se disseram favoráveis. O restante manifestava dúvida ou desconhecimento.

A situação piorou quando a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, decidiu entrar na discussão para defender a proposta. “A taxação é para as empresas e não para o consumidor”, escreveu a mulher de Lula em resposta a uma postagem do perfil Choquei.

Foi o que bastou para mobilizar opositores do governo que ainda não tinham se envolvido nas discussões, segundo um integrante do governo. O percentual de pessoas que atacavam a medida chegou a cerca de 70% depois da intervenção de Janja, e o de pessoas que a defendiam ficou estacionado nos mesmos 15%.

A afirmação da primeira-dama complicou o governo também por ter usado a palavra “taxação” justamente quando o Ministério da Fazenda se esforçava para convencer as pessoas de que não criará novos impostos – mas, sim, acabará com a isenção de um deles sobre as compras no exterior.

A entrada de Janja levou a um segundo fenômeno: a sequência de ataques feitos a ela e ao governo acabou estimulando apoiadores de Lula a defendê-la.

O assunto também ganhou tamanha dimensão que despertou a atenção de um número maior de internautas. Neste momento, a equipe do Ministério da Fazenda saiu a campo e, por meio de notas explicativas, entrevistas e conversas informais com jornalistas, tentou reverter a narrativa: não está criando um novo imposto, mas sim fechando a brecha para uma gigantesca sonegação. Influenciadores que apoiam o governo também se mobilizaram na defesa da proposta.

Resultado: já no fim da semana, o percentual de críticos caiu para menos de 60%, o de apoiadores subiu para 27% –e aumentou o de pessoas que ainda têm dúvidas sobre que posição tomar em relação ao tema.

Mônica Bergamo/Folhapress

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *