Grupo de Bolsonaro tentou cooptar tropas do Exército para impedir posse de Lula, diz PF

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Auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e militares que orbitavam em seu entorno teriam tentado cooptar a unidade com “o maior contingente de tropas do Exército” para impedir a posse de Lula (PT) após as eleições de 2022 e interferir na atuação do Poder Judiciário, afirma a Polícia Federal (PF).

A conclusão é citada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes na decisão que autorizou a deflagração, nesta quinta-feira (8), da Operação Tempus Veritatis.

Por meio dela, a PF apura a existência de uma suposta organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito para manter Bolsonaro no poder.

De acordo com a investigação, foram realizadas reuniões com integrantes das Forças Armadas e civis que integravam o governo Bolsonaro para recrutar militares da ativa ou da reserva do Exército especialistas em operações especiais. Um dos encontros teria sido realizado no salão de festas de um condomínio residencial de Brasília.

Dentro dessa estratégia, relata Moraes, a adesão do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter) seria fundamental, uma vez que a unidade “tem, sob sua administração, o maior contingente de tropas do Exército”.

A repartição era comandada pelo general Estevam Theophilo, um dos alvos da operação desta quinta-feira. Segundo a PF, o coronel de infantaria Cleverson Ney Megalhães, assistente do general, teria comparecido a um dos encontros.

“Tudo isso se desenrolava enquanto se avolumavam as aglomerações em áreas militares, que eram toleradas pelas autoridades castrenses e financiadas por empresários, como registrado pela autoridade policial”, afirma Moraes, em referência a acampamentos em frente a quartéis do Exército.

Ainda de acordo com a decisão do ministro, a disseminação de notícias falsas foi usada como tática de convencimento para atrair militares que não compactuavam com as iniciativas golpistas.

“Tudo com o objetivo de incitar os integrantes do meio militar a se voltarem contra os comandantes que se posicionam contra o intento criminoso”, afirma o magistrado.

Moraes afirma que conversas mantidas pelo tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, apontariam que Theophilo “teria concordado em executar as medidas que culminariam na consumação do golpe de Estado”, desde que o então presidente assinasse a chamada “minuta do golpe”.

Mônica Bergamo/Folhapress

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