A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) divulgou um relatório técnico nesta terça-feira (28) estimando crescimento de 3,1% no Produto Interno Bruto do Estado em 2022. O estudo foi elaborado tomando como base indicadores recentes e análises de especialistas a respeito do cenário econômico, e acompanhou o desempenho dos principais setores que compõem a receita da Bahia.
A projeção ficou três vezes maior do que o crescimento do PIB do Brasil, cuja alta estimada é de 1,7% neste ano segundo indicativo lançado pelo Banco Central (BC). Embora o indicador seja positivo para um contexto onde a economia ainda caminha a passos lentos, se recuperando dos impactos da pandemia, a Federação acredita que o desempenho poderia ser ainda melhor. “Este resultado não pode ser comemorado, uma vez que está muitoaquém das necessidades econômicas e sociais da sociedade baiana”.
Para este ano, o total estimado para o PIB da Bahia é de R$ 358,8 milhões. Se essa expectativa se confirmar, o montante terá um avanço de 27,4% em relação ao valor produzido no ano passado, quando o total fechou na casa de R$ 260 milhões. O setor de Serviços, que corresponde a 55,7% da receita gerada no Estado, tem uma projeção de crescimento de 2,4% em 2022. Segundo a equipe técnica da FIEB, que elaborou o relatório, o avanço desse segmento deve ser menor do que o visto em 2021 por causa das incertezas do cenário econômico, que permanecem como um aspecto de grande preocupação. Com uma alta estimada de apenas 0,1%, o comércio deve fechar o ano com crescimento nulo, por causa do contraste entre os preços cada vez mais altos de produtos e serviços, e o freio no consumo por parte das famílias provocado pela queda no poder aquisitivo.
O risco de a Bahia passar por uma nova onda de casos de Covid-19 também contribuiu para projeções mais modestas. Já para a agropecuária e a indústria, os crescimentos vislumbrados neste ano pela FIEB são iguais, de 4,5% em cada uma dessas categorias. A indústria da transformação, com destaque para o refino, ajudou a alavancar o bom desempenho. Já a indústria de extração mineral, que registrou uma alta de 7,3% em 2021, deve ter uma queda na produção, que será compensada com um preço maior dos minérios e não deve gerar grandes perdas na Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM).
A indústria da construção civil deve seguir aquecida em 2022, embora especialistas do setor sugiram que haja uma redução nas atividades por conta do aumento de insumos como minério de ferro, cobre, aço e PVC, impulsionados pelos efeitos da guerra na Ucrânia, consequentemente diminuindo a margem de lucro. Contudo, esse cenário não apaga a expectativa de uma nova alta nesse segmento industrial.
A maior inquietação da FIEB neste momento é o ritmo de crescimento da Bahia: ainda na análise da equipe técnica, se as estimativas se confirmarem no final deste ano, o Estado terá uma alta em seu PIB de apenas 0,5% no intervalo entre 2012 e 2022. Ou seja: 0,05% a cada ano. Se a Bahia fosse um país, ela teria um produto interno por pessoa de US$ 7.896, menor do que nações como Paraguai (US$ 12,3 mil) e Iraque (R$ 9,3 mil). Deste modo, na visão dos especialistas da FIEB, a economia está travada e é necessário pensar em um novo momento de desenvolvimento econômico para o Estado. “O PIB da Bahia é ainda muito baixo para o tamanho de sua população, por isso seu crescimento é condição necessária para o desenvolvimento. Dessa forma, não pode haver melhora significativa da qualidade de vida da população, mesmo com uma intensa política de distribuição de renda”.
Tribuna da Bahia