Ex-executiva da Americanas embarca em voo para o Brasil após ter prisão revogada

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A ex-diretora da Lojas Americanas Anna Saicali embarcou na noite deste domingo (30) em Portugal, com destino ao Brasil, após a revogação do pedido de prisão que havia contra ela, no âmbito das investigações sobre fraudes na companhia.

Ela estaca acompanhada de duas pessoas que se identificaram como advogados (veja no vídeo acima). Nenhum deles se pronunciou no aeroporto.

No sábado (29), o juiz Marcio Muniz da Silva Carvalho, da 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, revogou o pedido de prisão contra a executiva.

A condição era que ela se apresentasse no aeroporto de Lisboa e entregasse o passaporte à Polícia Federal assim que chegasse ao Brasil.

Saicali deixou o Brasil no dia 15 deste mês.

Segundo relatório com o parecer do MPF (Ministério Público Federal), Saicali é uma das principais responsáveis pelos números falsos da Americanas, tendo “pleno conhecimento” e “ciência inequívoca da construção de resultados fraudulentos” da companhia.

Ela foi diretora-presidente da B2W, braço digital da varejista, que surgiu a partir da fusão entre a Americanas.com e a Submarino, de 2013 a 2018, além de ter ocupado cadeira no conselho de administração dessa mesma empresa, de 2018 a 2021.

No momento em que as suspeitas de fraude foram reveladas pela primeira vez, em janeiro do ano passado, ela ocupava o cargo de CEO da AME (plataforma de inovação e fintech da Americanas), posição na qual atuou de junho de 2021 a fevereiro de 2023.

Também no fim de semana, o ex-CEO das Lojas Americanas Miguel Gutierrez foi liberado pelas autoridades espanholas neste sábado (29), após ter sido preso pela polícia espanhola em Madri um dia antes. Ele entregou o passaporte e terá que se apresentar a cada 15 dias.

O rombo nas contas da Americanas foi revelado no início de 2023, quando a empresa informou ao mercado inconsistências contábeis bilionárias, levando a varejista a entrar em um processo de recuperação judicial.

Estudos produzidos pela própria companhia apontaram que as inconsistências eram, na verdade, fraudes contábeis cometidas por ex-funcionários da rede varejista.

A investigação da PF mostrou que as práticas irregulares tinham como finalidade alcançar metas financeiras internas e fomentar bonificações. Por outro lado, a ação dos investigados manipulava e aumentava de forma ilícita o valor de mercado das ações da companhia.

A investigação da Polícia Federal indica que o ex-CEO vendeu R$ 158 milhões em ações da empresa após saber que seria substituído do comando e que as irregularidades seriam descobertas.

No total, 11 ex-executivos da empresa venderam mais de R$ 250 milhões após o aviso de troca de comando na empresa.

A informação é utilizada pelos investigadores para enquadrar Gutierrez e outros investigados no crime de uso de informação privilegiada.

Deborah Lima, Folhapress

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