Bolsonaro, inelegível e na mira da PF, fala em passar por 2024 para chegar a 2026

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030 depois de ter sido condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), disse em Belém neste domingo (30) que “vamos vencer e voltar àquele período que experimentamos há pouco, de paz e de prosperidade”.

“Mas, para chegar em 2026, temos que passar por 2024. Por todos os municípios do Brasil”, disse ele, em referência às eleições deste ano.

Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro (PL) estiveram em Belém para participar do lançamento da pré-candidatura do deputado federal Delegado Éder Mauro (PL-PA) à prefeitura da cidade. O parlamentar também é o presidente do PL no estado.

Os apoiadores receberam o ex-presidente no aeroporto da capital paraense e seguiram em motociata até a região da Doca, onde Bolsonaro discursou em cima de um caminhão de som.

Condenado pelo TSE e tornado inelegível em dois processos, por mentiras e ataques ao sistema eleitoral e por abuso de poder e campanha com dinheiro público nas comemorações do Dia da Independência, Bolsonaro também entrou na mira da Polícia Federal em diferentes inquéritos —como a investigação sobre os planos golpistas após as eleições de 2022 e a fraude no cartão de vacinação.

Na última semana, a PF analisava dados encontrados em celulares do advogado Frederick Wassef para concluir nos próximos dias a investigação sobre a venda de joias pelo ex-presidente.

Para a PF, Bolsonaro utilizou a estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor oferecidos a ele por autoridades estrangeiras. Após o caso ser revelado, em 2023, o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou que o ex-presidente devolvesse as joias que ganhou.

Neste domingo, o ex-presidente afirmou em seu discurso que “recebe carinho” em “todo lugar do Brasil” e que, mesmo com “perseguições e ameaças”, “eu prefiro estar do lado do meu povo que nunca me abandonou”.

Bolsonaro também afirmou que “estávamos no caminho certo” e que “algo aconteceu no final de 2022”. “Não foram vocês que me tiraram de lá. Foi o sistema. Mas nós vamos vencer o sistema”, disse ele, em um discurso de cerca de dez minutos. “Nosso futuro passa por cada um de nós. Não existe salvador da pátria. Quem vai resgatar este Brasil é cada um de nós”, continuou.

Depois da passagem por Belém, Bolsonaro anunciou uma série de viagens pelo Pará para apoiar pré-candidatos aliados. Na segunda-feira (1) pela manhã, ele estará na cidade de São Geraldo do Araguaia. No período da tarde, em Marabá. Na manhã de terça-feira (2), ele segue para Parauapebas.

Sem citar o nome do presidente Lula (PT), Bolsonaro também disse em Belém que o atual mandatário é “um presidente sem povo” e que “nem o nordestino engole este cara”.

Também disse que os ministros de Lula são “incompetentes ou ficha suja” e que botou um “ponto final na corrupção”. “Vocês não viram corrupção no meu governo. Hoje todo dia tem um escândalo”, declarou, apesar da série de casos de suspeita de corrupção em sua passagem pela Presidência.

O ex-presidente também enumerou o que considera realizações da sua gestão. Disse que aumentou o valor do Bolsa Família e que revolucionou a economia com a criação do Pix. Também afirmou que acelerou o processo de aberturas de empresas e revogou normas.

Segundo ele, sua gestão “mostrou ao mundo” que “ninguém tem reservas minerais como nós, ninguém tem terras agricultáveis como nós, água potável, beleza natural, clima aprazível, e um povo ordeiro e trabalhador”. Também disse que o Pará “é o estado mais rico do Brasil, até do Amazonas, ouso dizer”, e que nada justifica “o povo viver num estado de dificuldades”.

Catarina Scortecci, Folhapress

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