Educação Financeira é essencial para investir com inteligência, apontam especialistas

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Saber planejar as finanças pessoais de modo a ter uma vida economicamente saudável é um dos princípios básicos da educação financeira. Contudo, esta ainda é uma competência dominada pela minoria dos brasileiros. Segundo um estudo desenvolvido pela fintech Leve – empresa conectada ao mercado financeiro e à tecnologia – mais de 50% dos brasileiros não sabem fazer planejamento para realizar metas de longo prazo.

Tal realidade cria um terreno bastante favorável à inadimplência. É o que aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com o levantamento, em maio deste ano 77,4% das famílias revelaram ter dívidas a vencer. A situação se agrava quando o cenário econômico é marcado por inflação alta e taxa de juros em ascensão, o que corre atualmente no Brasil. Por isso, na visão dos especialistas em finanças pessoais, a educação financeira é um aliado muito importante para a família organizar seu dinheiro, investir com inteligência e ter um futuro tranquilo.

De acordo com o economista e sócio fundador do canal Econoweek, César Esperandio, ter noção sobre questões como reajuste salarial acima da inflação, organização financeira e correr atrás das metas e objetivos – como ganhar mais, gastar menos e investir melhor – traz mais conforto para a vida e bem-estar, “por isso a educação financeira é importante para todos”, afirma.

Para o especialista em planejamento financeiro, Gustavo Cerbasi, através da educação financeira a pessoa aprende a atingir seus objetivos de vida a partir de duas iniciativas básicas: organização dos gastos e alocação de recursos (investimentos). “Ter educação financeira significa dispor de um cuidado maior com as finanças pessoais e seu uso racional. Além de saber como economizar e se manter sem dívidas, é fundamental entender como fazer o dinheiro trabalhar a seu favor”, explica Cerbasi.

O especialista considera que uma pessoa que leva a sério a educação financeira toma decisões informadas e estratégicas sobre o uso do dinheiro, pois o objetivo dessa competência é, com base em conhecimentos, ajudar as pessoas a transformarem o dinheiro em uma ferramenta para alcançar seus objetivos.

Conforme destaca o economista e estrategista da Levante Investimentos, Rafael Bevilacqua, ao colocar a educação financeira em prática a pessoa terá condições de compreender e utilizar um conjunto de alternativas de investimentos para rentabilizar o seu dinheiro. Ele pontua que quanto maior o potencial de rentabilidade de uma aplicação financeira maior é o risco de o investidor ver o seu dinheiro se desvalorizar. Este é o caso dos investimentos em renda variável, tais como Ações, Fundos Imobiliários, Fundos Multimercado, Criptomoedas, dentre outros. Por outro lado, aplicações conservadoras, como as da renda fixa, possuem risco baixo, porém entregam uma rentabilidade menor. Tesouro Direto, CDB, Debêntures, LCI, LCA, CRI, CRA, Poupança são alguns exemplos de investimentos dessa modalidade.

Contudo, a maioria dos brasileiros ainda não tem a cultura de investir.  Segundo uma pesquisa realizada pelo site Reclame Aqui, 71,8% dos ouvidos disseram não ter o costume de investir o seu dinheiro. Falta de conhecimento, ausência de planejamento e medo estão entre os principais motivos. Conforme o site Invest News, especializado em investimentos, apenas 1,88% da população brasileira investe em ações. Já nos Estados Unidos o percentual é de 54% dos americanos.

Com a taxa Selic em 13,35% e a inflação de 2022 chegando a 8,16% (IGP-M) e superando a rentabilidade da poupança, muitas janelas de oportunidades em renda fixa se abrem, a exemplo do Tesouro Selic, Tesouro IPCA+, CDB e outras. Para Esperandio, o cenário atual é favorável à renda fixa. “Isso porque a taxa Selic está muito alta e os investimentos de renda fixa acompanham essa alta e pagam até mais do que a Selic, a depender da aplicação. Mas o momento também é de oportunidades para quem sabe investir em renda variável como Fundos Imobiliários e ações”, ressalta. Entretanto, a falta de uma educação financeira inibe muitos brasileiros de investir e surfar o bom momento que essas modalidades de investimentos estão oferecendo.

Para quem nunca realizou um investimento financeiro e pretende começar, Esperandio considera que é essencial perceber os efeitos da “bola de neve” dos juros compostos sobre o dinheiro aplicado. “É o tempo que vai fazer o seu dinheiro trabalhar a seu favor”, diz.  Ele sugere que o primeiro passo é montar uma reserva de emergência no Tesouro SELIC. “Investimento serve para trazer tranquilidade para o presente e futuro. Mas é importante também fugir das promessas de lucros altos, rápidos e garantidos. Isso não existe”, alerta o economista.

Dessa forma, os especialistas fazem as seguintes sugestões para o iniciante: antes de tudo, é importante criar uma reserva de emergência no valor de no mínimo 6 vezes a despesa mensal; quitar dívidas; saber o seu perfil de investidor (conservador, moderado ou arrojado); ter em mente o objetivo ao investir; buscar conhecimentos sobre os tipos de aplicações financeiras e fazer o planejamento das finanças pessoais. A partir disso, ficam claros os tipos de investimentos mais adequados para cada objetivo e perfil de investidor.

Por Irlã Andrade – Jornalista

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