Discurso de Bolsonaro no 7 de setembro leva dólar a R$ 5,32 e faz Bolsa cair 3,8%

Foto: Reprodução/Agência Brasil

 

 

Os ativos domésticos tiveram um pregão negativo nesta quarta-feira, 8, refletindo o aumento da percepção de risco institucional no País, após os atos políticos promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro. Hoje, o principal índice da Bolsa brasileira (B3) fechou em forte queda de 3,78%, aos 113.412,84 pontos, no menor nível desde março. Já no câmbio, o dólar registrou ganho de 2,89%, encerrando na máxima do dia, a R$ 5,3261.

Passado o discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no início da tarde, que teve efeito pontual sobre os negócios, as atenções se voltaram ao pronunciamento de Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em tom duro, enfatizou que o desprezo a decisões judiciais por parte do governo configura crime de responsabilidade. Durante a fala do ministro, o Ibovespa, que recuava em torno de 2%, acelerou o movimento de perda e passou a cair 3,13%.

Lira ignorou as ameaças de Jair Bolsonaro ao STF e fez um discurso defendendo um “basta” nas tensões entre o Executivo e o Judiciário. Em mais uma sinalização de que ainda não vê motivos para pautar um processo de impeachment contra o presidente, afirmou que “o principal compromisso” do País está marcado para outubro de 2022, em referência às eleições.

Em mais um desdobramento do 7 de Setembro, o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), entidade que reúne associações de caminhoneiros, entrou com uma ação civil pública na 20.ª Vara Federal Cível do Distrito Federal contra a União, o presidente Bolsonaro e seus apoiadores na esteira das manifestações de terça-feira. A investida tem apoio da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros e Celetistas. O CNTRC argumenta que a base bolsonarista usou a categoria para angariar apoio político aos atos pró-governo. A entidade pede indenização de R$ 50 milhões por danos patrimoniais, extrapatrimoniais e morais coletivos.

Na seara fiscal, as recentes investidas do governo para alterar regras e acomodar gastos às vésperas da eleição têm ampliado a desconfiança de economistas e integrantes do mercado financeiro em relação à condução da política fiscal do País. Dentro da própria área econômica há a percepção de que algumas das propostas apresentadas têm fragilidades. Fora do governo, técnicos que acompanham o Orçamento observam com preocupação a “escalada criativa” de manobras e veem a repetição do filme visto no governo Dilma Rousseff (PT), quando o excesso de artifícios fiscais colocou em descrédito a sustentabilidade das contas do País.

A queda é praticamente generalizada entre as ações na B3, com os investidores buscando posições defensivas diante dos temores de que a crise traga mais efeitos econômicos adversos para o País. “Qualquer ação que seja dependente de votação ou de algum acordo entre Câmara, Senado e presidência sofre quedas maiores, devido a risco de prejudicar o processo de privatização. Há maior expectativa de volatilidade no mercado”, afirma Julia Monteiro, analista da MyCap. As ações de Petrobras caíram cerca de 5% e as da Eletrobras, de 9%.

As ações de empresas varejistas recuam em bloco. O setor é afetado pela perspectiva de alta nas taxas de juros, com perspectiva de alta de inflação e desemprego. “Seguem os ruídos políticos, discursos dos chefes de Poderes no dia de hoje e, com isso, elevou o estresse dos juros futuros (DIs) mais uma vez, juntamente com o dólar ganhando valor frente ao real”, aponta Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo.

No exterior, a preocupação é com a maior dificuldade de recuperação econômica no mundo – também está no radar a possibilidade de redução dos estímulos monetários dos bancos centrais. O presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, disse nesta quarta que há melhora significativa da economia americana, mas há também alguns reveses.

No exterior, o petróleo fechou em alta nesta quarta-feira, recuperando as perdas da sessão de ontem. Os problemas de oferta gerados pelo prejuízo na produção nos Estados Unidos, após o furacão Ida, estiveram no foco de investidores. O barril do WTI para outubro fechou em alta de 1,39%, a US$ 69,30, em Nova York, e o Brent para novembro subiu 1,27%, a US$ 72,60 o barril, em Londres.

Com informações do Estadão

 

 

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