Os deputados do Centrão articulam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a crise na Americanas (AMER3). Segundo informações divulgadas na terça (7), a iniciativa já conta com o apoio de 159 parlamentares e pode atingir outras empresas de Jorge Paulo Lemann e seus sócios.
De acordo com o jornal Valor Econômico, o projeto foi criado pelo deputado André Fufuca (MA), líder do PP na Câmara, o mesmo partido do presidente da Casa, Arthur Lira (AL).
Além da varejista, os políticos dizem que a comissão deve ir atrás dos outros negócios de Lemann e seus sócios na 3G Capital, Marcel Telles e Beto Sicupira. O trio é acionista de referência da Americanas por fora da operação do fundo de private equity.
“A partir do momento em que as nossas empresas de auditagem não informaram da fraude, temos que investigar o que aconteceu. Será que outros negócios do grupo 3G não estão com o mesmo problema?”, questionou o deputado Hugo Motta (PB), líder do Republicanos.
O deputado Isnaldo Bulhões (AL), líder do MDB na Câmara, disse à reportagem que orientou os parceiros de partido a assinarem o pedido de abertura da CPI da Americanas: “É um fato totalmente passível de investigação. E, se for identificado que o 3G realmente maquiou as contas da Americanas, pode ter feito o mesmo nas outras empresas do grupo”.
Além da Americanas, a principal empresa citada pelos deputados como um dos alvos da CPI é a Ambev (ABEV3), que também é investida pelo trio por fora da 3G.
No mês passado, a companhia de bebidas foi acusada de um suposto rombo de R$ 30 bilhões em manobras tributárias, o que foi negado pela empresa. “A acusação é falsa e acreditamos que foi promovida de forma oportunista e irresponsável. Não existe ‘rombo’ algum”, destacou a Ambev em comunicado na ocasião.
Contudo, o requerimento de criação da CPI foca apenas na Americanas. De acordo com os parlamentares, Lira é um dos apoiadores da CPI. Para que a comissão seja instalada, é necessário o apoio de 171 dos 513 deputados. Procurado pelo Suno Notícias, o 3G Capital disse que não comentará o caso.
Após negar a existência da proposta de capitalização de R$ 10 bilhões, a Americanas confirmou que formalizou o plano em reunião com os credores na segunda (6). Contudo, o martelo ainda não foi batido pelas instituições financeiras, pois parte delas não acredita que esse valor será suficiente para solucionar a crise da varejista.
A informação foi antecipada pelo Valor Econômico e confirmada pela varejista em fato relevante publicado na noite de terça (7) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
De acordo com as fontes do Valor, “não teve uma conclusão, mas houve uma evolução nas discussões”. Até o momento, não há um consenso entre os bancos sobre qual deve ser o valor mínimo da injeção de capital na Americanas. Segundo a reportagem, uma nova rodada de reuniões ainda não foi marcada, mas a expectativa é de que elas ocorram até a próxima semana.
Suno Notícias