Mercado imobiliário baiano comemora bom momento com alta de 17% nas vendas

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O mercado imobiliário baiano chega ao final do ano comemorando a boa fase que vive desde que foi impulsionado na pandemia. O terceiro trimestre do ano apresentou crescimento nas vendas de 17% em relação ao segundo, e o número de lançamentos registrou alta de 600%.

Para continuar crescendo em 2022 é preciso que haja o controle da inflação pelo governo, taxas de juros mais baixas – com oportunidade de crédito para construtoras e consumidores –, estabilidade dos custos (preços de insumos), e cuidado com as novas variantes de coronavírus.

Esses e outros assuntos são discutidos na 31ª edição da Convenção Anual da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário a Praia do Forte. O evento, que termina hoje, acontece no Tivoli Ecoresort, e sedia ainda o 5º Fórum de Líderes e Investidores do Mercado Imobiliário (Flimi).

Na programação, temas como “Cenário político brasileiro”, “O que esperar para 2022?”, “Licenciamento Ambiental Municipal”, e “APP em área urbana”.

Entre os palestrantes, nomes como do advogado e professor, Georges Humbert, especialista em meio ambiente, autor de 23 livros; Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos; e Rodolfo Schneider, diretor executivo de jornalismo e esporte do Grupo Bandeirantes.

A abertura oficial do encontro, na última quinta-feira, contou ainda com a participação do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e do VP de Habitação da instituição, Jair Mahl.

Entre as autoridades locais, compareceram o presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Júnior; o prefeito da capital baiana, Bruno Reis; e, representando o governador Rui Costa, o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), José Trindade.

O anfitrião e presidente da Ademi no estado, Cláudio Cunha, conta que o viés mais político da reunião este ano, bem como as pautas econômicas se explicam em função da conjuntura de turbulência e instabilidade no país.

Cunha criticou, por exemplo, decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que derrubou, em caráter liminar, dispositivos de uma lei estadual de 2015 que autorizava o licenciamento ambiental de empreendimentos e obras nas faixas terrestres e marítimas da costa da Bahia por municípios baianos.

A medida, alvo de críticas de diversas entidades, como Associação Comercial da Bahia (ACB) e Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente, causa insegurança jurídica, diz Cunha.

“A decisão causa surpresa e insegurança jurídica. O STF questiona uma lei em vigor há seis anos que regula a forma como podemos atuar na costa do nosso litoral.  A liminar (de Lewandowski) acontece sem ouvir o plenário (do STF) e traz instabilidade aos muitos empreendimentos e investimentos que estão sendo realizados no estado”.

Em entrevista exclusiva ao A TARDE, o professor de direito ambiental Georges Humbert falou sobre o imbróglio. Segundo ele, um licenciamento que duraria seis meses para ser liberado pelo município poderia chegar a até cinco anos, caso tenha de partir do Ibama.

“Eu diria que essa é uma decisão preocupante. Uma ação que versa sobre uma legislação que está há seis anos válida na Bahia, que já produziu vários efeitos, já gerou diversas expectativas em negócios jurídicos, em novos investimentos e pode causar, inclusive, um caos na gestão ambiental, porque foi tudo derivado de uma concertação que vem desde 2011 com a lei complementar 140”, disse na ocasião.

Professor do Insper, o cientista Fernando Schuller apresenta hoje palestra intitulada “Cenário político brasileiro e perspectivas 2022”. De acordo com o especialista, apesar da conjuntura adversa, a boa ou má notícia é que o país, segundo ele, não está sozinho nessa.

De acordo com Shuller, o Brasil vive um período de instabilidade assim como grandes democracias. “O país não é um ponto fora da curva. Chile, Argentina, Colômbia também atravessam turbulência, movimentos de massas, é um fenômeno global”.

Ainda de acordo com ele, parte de todo esse caos tem como “razão estrutural mais de longo prazo a mutação das democracias a partir do impacto da tecnologia”. “Hoje, entre 15% e 20% dos eleitores participam do debate político. O que dá aproximadamente 25 milhões de pessoas. Há 30 anos, esse número não chegava a 25 mil”.

“Mídia profissional, partidos políticos, todos perderam espaço para o mundo digital, daí a sensação de caos. E isso veio para ficar, vamos ter de nos acostumar. Essa instabilidade vem desde 2013, com muita polarização, impeachment, depois o governo Bolsonaro cheio de altos e baixos”.

“Não fossem as PPPs (Parceria Público Privada) não haveria investimento no país. A PEC dos precatórios foi mais um jeitinho  arranjado pelo legislativo e executivo, o que causa mais insegurança jurídica, mais desgaste, e tudo isso termina impactando na área da infraestrutura, área imobiliária”.

“Há avanços, como marco do saneamento,  autonomia do Banco Central. O balanço, eu diria, não é catastrófico, mas melancólico. Há muitos sinais amarelos acesos”.

As informações são do A tarde

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