‘Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para aproximar o BC do governo’, diz Campos Neto

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (13) que fará tudo o que estiver ao seu alcance para aproximar a autoridade monetária do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

“É importante reconhecer a legitimidade do resultado das eleições, da eleição do presidente Lula, que foi feita de uma forma democrática. O Banco Central é uma instituição de Estado, precisa trabalhar com o governo sempre”, afirmou no programa Roda Viva, da TV Cultura, em meio à alta tensão entre o governo e a autoridade monetária.

Campos Neto disse entender que existe pressa do presidente Lula com a agenda social. “O BC precisa trabalhar junto com governo. Eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para aproximar o BC do governo”, acrescentou.

Desde que iniciou seu terceiro mandato, Lula chamou os juros de “vergonha”, a autonomia do BC de “bobagem” e atacou Campos Neto, a quem se referiu como “esse cidadão”.

Com o temor de que os juros altos comprometam o crescimento da economia brasileira, Lula e aliados resgataram diferentes episódios para explorar a proximidade de Campos Neto com o bolsonarismo, ampliando o desgaste do chefe da autoridade monetária.

As críticas se acentuaram depois de uma imagem captada pela fotógrafa do jornal Folha de S.Paulo, Gabriela Biló, em 10 de janeiro, mostrando que Campos Neto ainda era integrante de um grupo de WhatsApp chamado “ministros Bolsonaro”.

Depois que a imagem da tela de celular do senador Ciro Nogueira (ex-Casa Civil) foi a público revelando a presença do chefe da autarquia na conversa, no dia 10 de janeiro, Campos Neto deixou o grupo. Mas a exposição da foto gerou desconforto entre os petistas.

Na entrevista, Campos Neto justificou sua presença no grupo de WhatsApp dizendo que tinha uma participação mais informativa e que fez amigos no governo anterior. Ele disse ainda que espera fazer amizades no novo governo nos próximos dois anos de seu mandato à frente da autoridade monetária, que vai até 2024.

Campos Neto também fez um “bate e volta” entre Brasília e São Paulo, em 1º de janeiro, para participar da posse de Tarcísio de Freitas, ex-ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, eleito governador de São Paulo.

Durante o governo Bolsonaro, frequentou confraternizações ao lado de outros apoiadores. Em 2021, foi a um churrasco na casa do então ministro Fábio Faria (Comunicações), dias depois da posse de Nogueira.

Questionado se estava vestido com a camisa da seleção brasileira –símbolo associado aos apoiadores de Bolsonaro– quando foi votar no segundo turno das eleições, em São Paulo, Campos Neto se negou a dizer. “Voto é um ato privado”, afirmou. “Tentei diferenciar o que é vida privada, o que é vida pública”. Segundo ele, diversos exemplos mostram que sempre teve uma atuação com autonomia.

Nathalia Garcia/Folhapress

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