Vice do influenciador Pablo Marçal (PRTB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, a policial militar Antonia de Jesus (PRTB) tem participado de programas de entrevistas para apresentar suas ideias. Ela dá preferência a podcasts apresentados por integrantes das forças de segurança.
O papel de Antonia na campanha ganha importância diante da possibilidade colocada por Marçal de ele disputar a Presidência em 2026. Em um cenário em que o influenciador seja eleito prefeito, ela assumiria a gestão municipal.
Em entrevista ao Diário de Polícia, transmitida em 27 de agosto, ela foi perguntada a respeito do que pretende fazer para melhorar a saúde da mulher na cidade.
“Quando a saúde da mulher está em dia, tudo funciona em casa, porque aí ela não vai estar cansada, com queixas. A casa vai estar limpa”, respondeu.
A entrevistadora acrescentou “o marido vai estar feliz, as crianças [estarão] bem cuidadas, o feijão vai ter aquele temperinho gostoso”, com o que concordou a candidata, que então prometeu acabar com as filas para agendamento e realização de exames por meio de plantões médicos de 24 horas.
Dias antes, em 24 de agosto, Antonia criticou projetos que distribuem alimentos para usuários de drogas na cracolândia. Segundo ela, a atitude tira deles o ímpeto de superar a situação precária.
“Eles [os projetos sociais] deveriam fazer uma terceira via, fazer serviço voluntário, se espelhar no Pablo Marçal, tirar essas pessoas de situação de rua, e não só alimentar na rua”, disse, em entrevista ao Redcast.
Ela afirmou que “o alimento é válido” e que não se deve negar comida a ninguém.
“Só que deveria ser alimentado de uma forma correta. Se espelha no Pablo Marçal, constrói um projeto para tirar essa pessoa da rua, traz ela com atendimento psiquiátrico, psicológico, médico. Faça isso, e não ficar só alimentando, porque são 10, 20 alimentações por dia, eles nem conseguem comer tudo aquilo ali. Às vezes acha que está ajudando, e na verdade está tirando a oportunidade daquela pessoa criar coragem de retornar para a sociedade com dignidade”, acrescentou.
“Quem quer ajudar, ajuda por completo, e não com incentivos para que a pessoa fique no fundo do poço. Tem que tirar da lama, dar banho, cortar o cabelo, [criar um] projeto de incentivo a sair daquela vida, encorajar a pessoa, abrir a mente da pessoa para o progresso, mostrar para ela que tem potencial (…) Ficar só alimentando é complicado”, concluiu.
Na mesma entrevista, ela definiu projetos assistenciais de Marçal na África como “início do perdão da escravidão” no continente.
A despeito da longa duração das entrevistas, algumas com mais de duas horas, Antonia de Jesus costuma apresentar apenas propostas genéricas, sem detalhar como as implementaria.
A policial fala, por exemplo, em valorizar profissionais de segurança e de saúde, incentivar a prática de esportes, criar empregos, atrair de volta empresas que deixaram a cidade, mudar a mentalidade das pessoas para que se sintam importantes (“fazer com que vejam que nasceram para dar certo”).
Guilherme Seto/Folhapress