Quatro meses após ser anunciado como resultado da fusão entre DEM e PSL, o União Brasil enfrenta uma disputa de poder para definir quem dará a última palavra em acordos regionais e nas alianças para a eleição presidencial.
Enquanto setores do PSL querem que o novo partido apoie a pré-candidatura do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos), dirigentes do DEM, como ACM Neto, preferem investir na construção de palanques estaduais. Além disso, uma ala do DEM tem resistências a Moro por causa de sua atuação como juiz na Operação Lava Jato.
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) admitiu uma série de desencontros entre o DEM e o PSL. “O DEM tem uma cultura de decisão, de encaminhamento, de ser bem orgânico, de discutir muito ‘interna corporis’. O PSL tem uma história de decisão mais monocrática”, disse Mandetta.
Apontado no ano passado como provável presidenciável do DEM, Mandetta é agora lembrado como candidato a vice, embora não se saiba para qual chapa. Em novembro, o anúncio de sua desistência como postulante à cadeira do presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro sinal de que a sintonia entre o DEM e o PSL não estava tão boa assim.
Foi o deputado Luciano Bivar (PE), presidente nacional do PSL, quem declarou que o ex-ministro não seria candidato ao Palácio do Planalto. Horas depois, Mandetta afirmou que havia ocorrido uma “falha de comunicação” e disse continuar “à disposição” para a disputa presidencial.
Na avaliação do ex-ministro da Saúde, a expectativa é que as diferenças sejam ajustadas após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homologar a criação do União Brasil, ainda no início deste mês. “Precisa homologar para sentar, começar um processo de discussão. Ainda não tem esse espírito de partido, de corpo”, argumentou ele.
Para Mandetta, o União Brasil deve representar uma alternativa eleitoral a Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Eu defendo a unificação de candidaturas. Acho que Doria (João Doria), Moro e até o Ciro (Ciro Gomes) têm de fazer um esforço para ver se conseguem não fragmentar”, insistiu o ex-titular da Saúde. “O problema, agora, é fazer um esforço muito grande para construir chapas competitivas nos Estados.”
As informações são do Estadão