O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou ontem que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) é “honestíssima” e que seu processo de impeachment foi decorrente de problemas políticos como a “dificuldade da petista de se relacionar com o Congresso Nacional e com a sociedade”. Temer ainda citou as pedaladas fiscais e classificou a problemática como “uma coisa extremamente técnica”. Em entrevista ao portal UOL, o ex-presidente manteve o posicionamento de que não houve golpe em 2016 e sim o “cumprimento da Constituição Federal”.
“Às vezes falam de corrupção, mas é mentira. Ela (ex-presidente Dilma) é honesta. O que eu sei e pude acompanhar, embora estivesse à margem do governo e embora fosse vice-presidente, não há nada que possa apodá-la de corrupta. Para mim, honestíssima. Houve problemas políticos. Ela teve dificuldade no relacionamento com o Congresso Nacional, teve dificuldade no relacionamento com a sociedade e teve as chamadas ‘pedaladas’, uma coisa extremamente técnica, decretado pelo Tribunal de Contas da União. Esse conjunto de fatores é que levou multidões às ruas”, disse Temer.
O emedebista também defendeu que a população teria sido responsável por tirar Dilma do cargo de presidente. “Quem derruba um presidente por impeachment não é o Congresso Nacional é o povo na rua que influencia Congresso Nacional. Se não tiver povo na rua, não há a menor possibilidade de manifestação negativa no Congresso Nacional”, afirmou.
O ex-presidente ainda usou o espaço para se justificar e se distanciar da ideia, defendida pelo Partido dos Trabalhadores, de que ele foi um dos responsáveis pelo processo de impeachment da petista e, consequentemente, do que é hoje classificado por muitos como um golpe.
“Eu não participei de golpe nenhum. Quando começou a chamada procedência de acusação na Câmara dos Deputados, eu vim para São Paulo e fiquei no meu escritório por várias semanas por uma razão que eu reconheço existe: que o vice é sempre o primeiro suspeito. Só voltei na última semana quando todos me procuraram e avisavam que eu precisava estar em Brasília porque a Câmara ia votar procedente a acusação para depois remeter ao Senado. Eu não participei de golpe coisa nenhuma e nem acho que teve golpe. O que teve foi cumprimento da Constituição Federal.”
O encontro de Jair Bolsonaro com embaixadores nesta segunda-feira, 18, foi classificado por Temer como “um equívoco brutal”. “Falar mal do Brasil para os Estados estrangeiros desmoraliza o País”, disse. Segundo embaixadores ouvidos pelo Estadão, a ofensiva de Bolsonaro contra o sistema de votação eletrônica foi vista como um ato de campanha eleitoral e não mudou a impressão geral de confiança na segurança das eleições brasileiras.
Agência Estado