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“Se faltar leitos, teremos que decretar lockdown”, avisa Neto

                                                                                  Foto: Romildo de Jesus 

 

Pressionado por parte do empresariado para reabrir o comércio, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), disse, ontem, que uma abertura irresponsável pode provocar “uma disseminação desenfreada do coronavírus” e o resultado será a decretação de lockdown (confinamento obrigatório) na capital baiana. A declaração do democrata soteropolitano ocorreu durante a cerimônia do 2 de Julho, que neste ano não teve desfile por causa da doença.

“Se os números permitirem abrir, nós vamos abrir (o comércio). Se os números não permitirem, não vamos abrir. Não adianta a gente abrir tudo e daqui a uma semana começar a faltar leitos nos hospitais, as UPAs começarem a superlotar. O que vai acontecer? Tem que fechar tudo. E não é fechar tudo para voltar à situação de agora. É decretar lockdown. É impor que todo mundo continue em casa. É tomar medidas muito mais severas e duras para conter uma disseminação desenfreada do coronavírus. Essa é a realidade. Nenhum de nós deseja mais isso. Nenhum de nós desejou isso em nenhum momento, mas não teve alternativas. Se não fizéssemos o que fizemos, seriam milhares de mortes aqui em Salvador e na Bahia espalhados nas ruas”, declarou. “Então, alcançou o indicador, volta à atividade. Não alcançou o indicador, não volta à atividade. Ponto final. Vai ser dessa forma, de maneira técnica, científica e olhando a preservação da vida das pessoas”, acrescentou.

Neto reiterou que não vai ceder às pressões e ressaltou que entende o “drama” dos empresários. “Todas as decisões que nós tomamos do dia 13 de março, quando editamos o primeiro decreto municipal, para cá foram neste sentido de evitar que tenha um colapso no sistema de saúde de Salvador e nenhum de nós vai desviar deste foco. (…) Estou acostumado a lidar com pressão. Tenho 40 anos de vida e de certa forma tenho 40 anos de política. Já passei por muitas situações. É claro que essa é a mais desafiadora. É o maior desafio das nossas vidas. É o maior desafio da nossa atuação, da vida pública. O foco estabelecido desde começo que é cuidar da vida das pessoas não vai mudar. Eu não pretendo ceder a nenhuma pressão que não seja adequada e devida. E as decisões serão tomadas a partir de critérios científicos e absolutamente transparentes. Me coloco no lugar dos empresários. Sei o que cada um está sentido. É um drama, de fato (…) É claro que a questão econômica precisa ser considerada. No entanto, não abriremos espaço para qualquer discussão que suscite dúvida entre economia e vida. A vida está acima de tudo. Nós vamos em poucos dias apresentar esse protocolo comum (para reabertura gradual), mas vai depender de alcançar os critérios”, pontuou.

O prefeito comparou as “batalhas” dos pacientes com covid-19 e dos profissionais de saúde à Independência da Bahia. “É um 2 de julho completamente atípico com o drama que nós todos em Salvador e na Bahia estamos vivendo. Um momento histórico. Assim como no passado aqueles heróis lutaram pela nossa independência, pela independência do país, hoje nós temos muitos heróis em luta, em campo de batalha. A batalha é outra. Não é a batalha das armas, do enfrentamento físico. A batalha hoje está sendo travada nos leitos hospitais, nos 163 bairros desta cidade, nos 417 municípios da Bahia. Não podemos deixar de homenagear os heróis do presente. Ao recordarmos os heróis do passado, precisamos homenagear os do presente, em especial a todos os profissionais da área de saúde que estão na linha de frente, arriscando as suas vidas, dando o melhor de si para salvar a vida do próximo”, frisou. As informações são do jornal Tribuna da Bahia.

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