A três dias da posse, o entorno do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda fazia mistério sobre a passagem da faixa presidencial. De acordo com aliados, além do próprio petista, apenas a futura primeira-dama, Rosângela Silva, e o fotógrafo Ricardo Stuckert sabem detalhes da cerimônia.
Diferentemente do que ocorreu com Fernando Henrique Cardoso (2003), com Dilma Rousseff (2015) e na passagem de Michel Temer para Jair Bolsonaro (2019), Lula deve receber a faixa no alto da rampa do Palácio do Planalto -e não no parlatório, onde o presidente discursa ao público.
Aliados do petista afirmam que Stuckert sugeriu a Lula e à futura primeira-dama que a faixa seja entregue por pessoas que representem a diversidade do povo brasileiro. O grupo seria formado por mulheres, negros, indígenas e trabalhadores.
Pessoas que participaram do ensaio para a posse na terça-feira (27) afirmam que a ideia ainda está no radar de Janja. Outra hipótese é que a faixa seja entregue por crianças -escolhidas igualmente para simbolizar não só a diversidade do país, mas também o futuro.
O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi sondado por petistas se aceitaria entregar a faixa a Lula.
Interlocutores de Pacheco disseram que desde então a transição não confirmou se pretende levar adiante essa possibilidade.
Pacheco respondeu que vê a entrega da faixa ao presidente eleito como um ato institucional inerente ao cargo que ocupa. Ele deixou claro que está à disposição se essa for a solução escolhida por Lula.
Desde que Bolsonaro sinalizou a apoiadores que não participaria da cerimônia de posse de Lula, os detalhes da entrega da faixa presidencial viraram motivo de especulação.
Petistas fizeram campanha nas redes sociais para que a faixa fosse entregue a Lula pela ex-presidente Dilma Rousseff, que teve o mandato interrompido em 2016 após processo de impeachment e não pôde repassar o adereço ao sucessor.
Apesar da movimentação, pessoas no entorno de Dilma afirmam que a proposta nunca foi considerada pela ex-presidente nem por Janja, que coordena a organização da cerimônia. Um dos motivos é o apoio que Lula recebeu de políticos que participaram do impeachment da petista.
A faixa presidencial foi criada em 1910 pelo então presidente Hermes da Fonseca como ato simbólico, mas o presidente que deixa o cargo não tem obrigação legal de participar do rito.
Desde então, dez foram os presidentes ou indicados na sucessão que chegaram ao cargo mais alto do país e não receberam o adereço, seja por morte, pela ausência da cerimônia ou impedimentos para tomar posse.