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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, 14, que não vai alterar o plano de voo de política monetária a cada número novo de alta frequência de inflação que seja divulgado. Mas frisou que a taxa básica de juros será levada aonde for preciso para alcançar a meta de inflação. “Vamos levar a Selic aonde precisar, mas não vamos reagir sempre a dados de alta frequência”, disse.
Depois da surpresa negativa do IPCA de agosto (0,87%), o mercado passou a considerar um aumento entre 1,25 e 1,50 ponto porcentual na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 21 e 22 deste mês, o que seria uma aceleração do passo ante a última reunião, quando houve alta de 1 ponto.
O presidente do BC afirmou que nunca houve tantos choques de inflação em um período tão curto no Brasil, destacando as altas nos preços de alimentos, energia elétrica e combustíveis. Campos Neto reconheceu que a inflação em 12 meses tem rodado bem acima da meta e disse que o BC tem observado os núcleos para verificar a disseminação. Segundo o presidente do BC, já era esperado o aumento de serviços e reajustes mais fortes em componentes que foram represados.
Campos Neto ainda repetiu que as expectativas de inflação para 2021 e 2022 estão subindo e que o BC está avaliando as diferenças entre as previsões do mercado e do Copom. Ele participa do evento MacroDay 2021, do BTG Pactual, que ocorre de forma presencial, seguindo, segundo a instituição, os protocolos sanitários.
Na segunda-feira, 13, após mais uma semana de crise política e novas surpresas negativas na inflação, os mais de 100 economistas consultados semanalmente pelo Banco Central fizeram uma nova rodada de deterioração nas expectativas para este e o próximo ano. O mercado financeiro continua apostando em preços mais altos, crescimento mais baixo da economia e juros ainda mais elevados em 2021 e 2022.
A projeção do Relatório de Mercado Focus para a inflação em 2021 se distanciou ainda mais do teto da meta perseguida pelo Banco Central. Os economistas alteraram a previsão para o IPCA – o índice oficial de preços – de alta de 7,63% para 8% no fim deste ano. Há um mês, estava em 7,05%. A projeção para o índice em 2022 foi de 3,98% para 4,03%.
A projeção dos economistas para a inflação está bem acima do teto da meta de 2021, de 5,25%. O centro da meta para o ano é de 3,75%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%).
Com informações de Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues/Estadão Conteúdo