PF: Cid confirmou que recebeu ordem de Bolsonaro para fraudar cartões de vacina

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Ao indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação, a Polícia Federal (PF) apontou que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, afirmou em depoimento ter sido o próprio Bolsonaro quem ordenou a fraude em seu certificado de vacinação contra a Covid-19 e também no de sua filha, Laura Bolsonaro, de 12 anos.

O advogado de defesa do ex-presidente, Fabio Wajngarten, lamentou o “vazamento” da informação do indiciamento do ex-presidente pela PF. De acordo com ele, o ato deveria “ter revestimento técnico e procedimental ao invés de midiático e parcial”. A quebra de sigilo foi uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

Conforme publicação do jornal O Globo, no relatório enviado à Corte, com o indiciamento de Bolsonaro, Cid e outras 15 pessoas, a PF inclui trecho do depoimento em que ele afirma “QUE confirma recebeu a ordem do ex-Presidente da República, JAIR BOLSONARO, para fazer as inserções dos dados falsos no nome dele e da filha LAURA BOLSONARO; QUE esses certificados foram impressos e entregue em mãos ao presidente”.

Os investigadores também escreveram que “Em relação às inserções de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em benefício do então Presidente da República JAIR MESSIAS BOLSONARO e de sua filha LAURA FIRMO BOLSONARO, em termo de depoimento, o colaborador MAURO CESA BARBOSA CID afirmou que o então Presidente da República ao tomar conhecimento de que MAURO CESAR CID possuía cartões de vacinação contra a Covid-19 em seu nome e em nome de seus familiares, ordenou que o colaborador fizesse as inserções para obtenção dos cartões ideologicamente falsos para ele e sua filha LAURA”.

Segundo a Polícia Federal, o objetivo do inquérito era esclarecer se dados do certificado de vacinação de parentes de Bolsonaro teriam sido forjados.

Em maio do ano passado foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa da família Bolsonaro e seis de prisão contra ex-funcionários, a exemplo de Mauro Cid, o assessor Max Guilherme de Moura, os ex-auxiliares Sérgio Cordeiro e Luís Marcos dos Reis; o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha; e Ailton Gonçalves Barros, militar que concorreu a deputado estadual no Rio pelo PL em 2022.

As investigações da PF indicaram também que os documentos de imunização no aplicativo ConecteSUS foram emitidos a partir do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Os downloads foram feitos dias antes e na própria data da viagem de Bolsonaro a Orlando, na Flórida (Estados Unidos), para onde ele foi antes mesmo do fim de seu mandato.

No relatório enviado ao STF consta, ainda, que foram quatro emissões, das quais três em dezembro de 2022, nos dias 22, 27 e 30. E no dia 30, mesmo, horas depois do acesso ao sistema, Jair Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos.

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