Pais poderão vacinar os filhos contra a covid-19 ‘se desejarem’, diz Queiroga

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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta terça-feira, 4, que os pais poderão levar seus filhos para se vacinarem contra a covid-19 “se assim desejarem”. A pasta realiza uma audiência pública sobre o tema e prevê divulgar o formato da campanha de imunização para esse público nesta quarta-feira, 5. Queiroga disse ainda que a “vacinação não tem relação com aula”.

“Nós teremos as doses, como todos já sabem e os pais podem, livremente, dentro do que o Ministério da Saúde estabelece e que eu espero que seja seguido por Estados e municípios, levarem seus filhos para vacinação se assim desejarem”, disse Queiroga.

De acordo com o chefe da pasta, as doses pediátricas da Pfizer devem chegar ao Brasil na semana do dia 10 de janeiro. Especialistas alertam que o prazo é curto e as crianças deveriam ser totalmente vacinadas antes do começo das aulas presenciais. Na maioria dos Estados, o ano letivo começa em fevereiro. Na visão dos epidemiologistas, as crianças vão voltar às aulas apenas com a primeira dose aplicada, ou seja, sem a imunização completa.

Queiroga disse que é preciso “parar de criar espuma em relação a questões que são secundárias” no enfrentamento da pandemia da covid-19.

“Vacinação não tem relação com aula. Inclusive, a Unicef já apontou isso, a ONU (Organização das Nações Unidas), a Organização Mundial de Saúde”, afirmou o ministro, sem detalhar a informação.

Questionado se a vacinação não seria uma forma de garantir uma segurança maior para as crianças, o ministro reagiu. “Você leu o estudo que saiu publicado no New England Journal of Medicine sobre a vacina de 5 a 11 anos? Tem que ver. Lê uma consulta pública, lê o documento que está lá”, afirmou.

“Se a gente vai tomar as decisões baseado em estudos randomizados, em ciência de melhor qualidade ou se toma só baseado em opinião de especialista. Às vezes, são especialistas que não são tão especialistas assim.”

A aplicação da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos está autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 16 de dezembro. O Ministério da Saúde, no entanto, ainda não anunciou publicamente um cronograma para a imunização deste público.

O ministro disse que o cronograma com a entrega das doses pediátricas será apresentado nesta quarta-feira, 5. Hoje, o Ministério da Saúde promove uma audiência pública sobre a vacinação das crianças, na qual serão ouvidos representantes de entidades médicas e outros conselhos. Queiroga afirmou que trata-se de uma “audiência como outra qualquer” e que “não tem novidade nenhuma”.

“Tudo isso para propiciar um amplo debate para ajudar os pais a tomarem as melhores decisões para os seus filhos”, disse.

A vacinação das crianças é um tema que enfrenta dura resistência do presidente Jair Bolsonaro e de sua base ideológica. Bolsonaro entrou em conflito com técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após dizer que divulgaria os nomes dos servidores que autorizaram a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos.

O presidente afirmou também que as mortes de crianças por covid não justificam a adoção de uma vacina contra a doença e informou que não vai imunizar sua filha Laura, de 11 anos.

Especialistas alertam que as crianças deveriam ser vacinadas antes do início do ano escolar, mas revelam apreensão com o prazo curto – na maioria dos Estados, as aulas presenciais começam em fevereiro. Com isso, na visão dos epidemiologistas, as crianças vão voltar às aulas apenas com a primeira dose aplicada, ou seja, sem a imunização completa.

“Dá para iniciar a vacinação, mas será muito difícil conseguir vacinar todas, pois são cerca de 20 milhões de crianças, lembrando que a proteção ideal é feita com duas doses com intervalo mínimo de 21 dias”, lembra a epidemiologista Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde de 2011 até 2019.

Com informações de Julia Affonso/Estadão Conteúdo

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