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Mercado espera alta de varejo e turismo na Bolsa em agosto

Foto: Reprodução

 

 

As expectativas sobre a reabertura da economia brasileira têm ditado a estratégia das carteiras de ações formuladas por analistas e gestores para agosto.

A perspectiva é que o movimento beneficie principalmente setores ligados ao comércio, ao varejo e ao turismo. Os segmentos financeiro, de educação e de commodities também devem se destacar.

Segundo a estrategista de ações da XP Investimentos Jennie Li, apesar de atrasado em relação a países da Europa ou aos EUA, o Brasil já começa a entrar em um ciclo mais forte de recuperação.

“As coisas começaram a voltar ao normal, as regras de restrição [à circulação] começam a ser mais afrouxadas e a vacinação se acelerou. Isso abre espaço para os setores mais voltados ao cenário doméstico”, afirmou.

Por outro lado, o investidor deve estar atento a fatores que podem conturbar esse cenário, como a o avanço da variante delta do coronavírus, o ambiente político tencionado pelas declarações, sem provas, de fraude no processo eleitoral pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pela CPI da Covid-19, risco fiscal e pressões inflacionárias.

No setor, os destaques ficam com Americanas e Arezzo, e analistas esperam bons retornos também de Lojas Americanas, Renner, Magazine Luiza, Grupo Soma e Via Varejo.

O mesmo acontece com ações de shoppings —como Multiplan, Aliansce Sonae, BR Malls e Iguatemi—, BR Properties (setor imobiliário) e Ambev, na área de consumo.

Segmento duramente afetado pelas restrições impostas pela pandemia, o turismo está na mira dos analistas, que esperam melhora com a reabertura. O estado de São Paulo já flexibilizou o horário e capacidade de ocupação do comércio e vai eliminar as restrições a partir de 17 de agosto, e a Prefeitura do Rio anunciou quatro dias de festa em setembro para comemorar “o fim da pandemia”.

“Nós mudamos um pouco o nosso cenário para reabertura e reduzimos um pouco a nossa posição em shoppings para entrar um pouco mais em aéreas, que tendem a ter mais viagens no próximo trimestre. Acreditamos ter uma demanda reprimida muito forte para essas companhias”, disse o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Luis Sales.

As apostas incluem educação e saúde (empresas como Mater Dei, Rede D’or e Dimed), também atingidos pelas restrições de circulação.

“Educação ainda está voltando ao normal, mas as empresas estão muito descontadas [baratas] e é difícil ficar de fora, porque é um tema que sinaliza melhoras no longo prazo. Já saúde também é um setor interessante e que deve se consolidar ainda mais no pós-pandemia”, afirmou o gerente de research da Ativa Investimentos, Pedro Serra.

Além da reabertura, a a alta de juros pode ser benéfica para bancos (Bradesco, Itaú), seguradoras (BB Seguridade e SulAmérica) e empresas que atuam no setor financeiro e de investimentos, como a BR Partners.

“Essas instituições já começam a reverter as provisões que fizeram por conta da pandemia, o que é bastante importante para os resultados. Além disso, os produtos bancários começam a voltar ao normal, o que melhora a rentabilidade dessas instituições”, disse Serra.

Olhando também para o cenário externo, os destaques são companhias ligadas a commodities, dada a maior demanda por produtos como metais —Vale, Gerdau e CSN—, alimentos (JBS) e petróleo e derivados, portanto a Petrobras.

“Existe uma perspectiva de acomodação do preço do minério de ferro em um patamar mais baixo, mas ainda não tem acontecido. Vemos uma produção de aço ainda firme e a demanda continua alta”, afirmou Serra, da Ativa.

“Ao mesmo tempo, não houve aumento da oferta, o que significa que se a demanda subir um pouco mais, já existe chance de as companhias ligadas ao setor não conseguirem responder. Mas enquanto isso, Vale é uma enorme geradora de caixa e isso é bom para o acionista”, completou.

Para Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, apesar do ambiente de recuperação da atividade econômica no Brasil, existem ainda pontos de atenção que os investidores precisam ter ao longo deste mês.

“É preciso cautela em relação ao cenário político e inflacionário. Além disso, também há a dúvida sobre a influência no fluxo de investidores estrangeiros na B3. Não sabemos se eles continuarão saindo da Bolsa brasileira”, disse.

Dados da B3 do mês passado, até 28 de julho, mostram que os estrangeiros tiraram R$ 7,1 bilhões —resultado de R$ 258,4 bilhões em entradas e de R$ 265,5 bilhões em saídas— do mercado brasileiro.

Sobre o cenário inflacionário, Chinchila afirma que existe uma pressão ao redor do mundo, mas que o peso dos preços tem um custo adicional no Brasil diante da crise de energia que o país passa e das geadas que podem elevar o preço dos alimentos.

“O investidor precisa ficar atento porque existem alguns riscos. Há preocupações com a variante delta no mundo inteiro, por exemplo e, por aqui, ainda temos a CPI da Covid-19 como um risco político importante”, afirma.

“Também é preciso ter em mente que toda a composição [de carteiras] do mercado daqui pra frente já começará a olhar para as eleições de 2022”.

Com informações de Isabela Bolzani, da Folhapress

 

 

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