Mensagem atribuída a Daniel Silveira mostra plano golpista para gravar Moraes

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Uma mensagem atribuída ao ex-deputado federal Daniel Silveira, preso nesta quinta-feira (2) pela Polícia Federal por ordem do STF, sugere um plano golpista para gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A mensagem teria sido enviada ao senador Marcos do Val (Podemos-ES).

“Como tivemos pouco tempo, não passei o que entendo como diretriz para que você adapte da sua maneira. Contudo, já tenho escutas usadas pelas operações especiais. Tenho veículo receptor que pode imediatamente reproduzir além da gravação e essa operação ficar restrita a um círculo de 5 pessoas. Três estavam sentados hoje conversando juntos. Se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil”, diz o texto da mensagem atribuída a Silveira.

Do Val afirmou à Folha que recebeu a mensagem depois de uma conversa com Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar não sabe dizer a data, mas afirma que ocorreu após o resultado das eleições e antes da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 12 de dezembro.

Do Val relata que estava no plenário do Senado quando Silveira o chamou do lado de fora e disse que o ex-presidente Bolsonaro queria falar com ele. O senador, então, conta que Bolsonaro perguntou se os dois poderiam se encontrar pessoalmente -o que ocorreu, segundo ele, alguns dias depois.

O senador afirma que, nesse encontro diante de Bolsonaro, Silveira propôs que ele gravasse o ministro do Supremo e tentasse arrancar dele alguma contradição que pudesse, depois, prendê-lo. O plano, segundo ele, desencadearia uma ruptura a ponto de Lula não assumir a Presidência.

Nesta quinta-feira, durante a madrugada, Do Val fez uma transmissão ao vivo pelas redes sociais afirmando que a revista Veja publicaria uma reportagem mostrando que Bolsonaro tentou coagi-lo a “dar um golpe de Estado junto com ele”.

À Folha de S.Paulo o senador dá outra versão. Do Val afirma que Bolsonaro ouviu a proposta, mas ficou em silêncio e se manifestou apenas ao final do encontro, dizendo que iria pensar.

“[Bolsonaro] só ouviu junto comigo, aí eu fiz os questionamentos. A questão da legalidade, e por que. Aí, na hora de ir embora, a única coisa que o presidente falou foi o seguinte: Vamos pensar”, disse à reportagem.

O senador diz que se recusou a seguir o plano e denunciou o plano ao ministro Alexandre de Moraes.

Do Val afirmou que sua decisão sobre renunciar ou se afastar do mandato ainda não está tomada e que vai conversar com sua equipe nesta quinta-feira.

A live da madrugada, segundo ele, foi um desabafo às críticas que recebeu pela reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mesmo tendo votado no bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN).

Como revelou a Folha, a Polícia Federal vai intimar o senador a depor na investigação aberta para apurar os ataques golpistas ocorridos após o segundo turno das eleições e que desaguaram nas invasões aos prédios do três Poderes em 8 de janeiro.

Do Val disputou uma eleição pela primeira vez em 2018 e se elegeu com 24,8% dos votos do Espírito Santo. Ele foi eleito na onda de Jair Bolsonaro (PL), que venceu aquele pleito presidencial e fez com que diversos aliados estreantes na política conquistassem vagas no Legislativo.

O senador também costuma dar voz às teses bolsonaristas. No último dia 13, fez críticas ao ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), e acusou o governo federal de permitir as invasões e depredações nas sedes dos Três Poderes.

“Tanto ele como o presidente Lula, sabiam de tudo e deixaram a tragédia acontecer. Pedirei seu afastamento e a sua prisão”, escreveu nas redes sociais. Ele visitou bolsonaristas presos.

Do Val é militar do Exército e ganhou fama como instrutor de agentes de segurança pública e privada, inclusive de outros países. Durante a CPI da Pandemia no Senado, o parlamentar se notabilizou pela defesa enfática do governo Bolsonaro.

Bolsonaro está nos Estados Unidos desde o final do ano passado e ainda não se manifestou sobre a declaração do senador.

Thaísa Oliveira/Folhapress

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