O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidou o senador Jean Paul Prates (PT-RN) para assumir a presidência da Petrobras e pretende anunciá-lo na próxima semana.
A ideia é divulgar o nome com a próxima leva de ministros, o que deve ocorrer na terça-feira (27).
O parlamentar foi um dos coordenadores do grupo técnico de Minas e Energia do gabinete de transição.
Integrantes do PT dizem que não há impedimento legal para que ele ocupe o posto —ou seja, não seria necessário alterações na Lei das Estatais para que a nomeação seja realizada.
O estatuto da Petrobras inclui a restrição a integrantes de campanhas políticas. Como mostrou a Folha, especialistas e conselheiros da estatal ainda não têm avaliação sobre possíveis restrições ao nome de Prates.
O senador buscou se afastar formalmente da campanha de Lula e não assumiu funções de coordenação no processo. Ele ajudou nas discussões a respeito de políticas para a área durante a formulação do plano de governo.
O economista e cientista social William Nozaki, que integrou o grupo de trabalho de Minas e Energia do gabinete de transição, é citado como um dos cotados para uma diretoria da Petrobras.
Com a ida de Prates para a estatal, o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) é o mais cotado para o Ministério de Minas e Energia.
A pasta inicialmente contemplaria o MDB. A bancada do partido no Senado, porém, abriu mão da indicação para o PSD.
Durante a transição, o futuro indicado para a Petrobras defendeu a criação de algum mecanismo que sirva como “colchão de amortecimento” para as flutuações dos preços dos combustíveis. Prates também acrescentou que a política de preços de combustíveis é “do governo”, não da Petrobras.
“Quem define política de preço de qualquer coisa no país, se vai intervir ou não, se vai ser livre ou não, se vai ser internacional ou não, é o governo. O que está errado e a gente tem que desfazer de uma vez por todas é dizer que a Petrobras define política de preços de combustível. Não vai ser assim. Vai seguir a política do governo? Claro”, afirmou.
Prates também disse que o novo conselho da Petrobras deve rever a política de distribuição de dividendos.
Julia Chaib e Catia Seabra/FolhapressO deputado federal Elmar Nascimento (União-BA) deixou o PT dividido sobre a sua indicação para comandar o Ministério da Integração Nacional. Ele aparece como o nome mais cotado para assumir a pasta.
Tradicional opositor dos governos petistas, o parlamentar baiano é o líder do União Brasil na Câmara e pode ajudar a concretizar a aproximação de Lula com o partido no Congresso. Porém, quando surgiram as primeiras especulações em torno da possível nomeação de Elmar para a Esplanada de Lula, o deputado federal Jorge Solla (PT-BA) não poupou críticas públicas. “Elmar atacou Lula com ofensas rasteiras, chamou de ‘condenado’ e ‘ex-presidiário’, repisando a narrativa golpista que manteve Lula preso injustamente por 580 dias e lhe tirou das urnas em 2018. Se é essa a imagem que tem do presidente, por que quer fazer parte de seu governo?”, questionou.
Já o futuro secretário da Casa Civil de Jerônimo Rodrigues (PT), o deputado federal Afonso Florence (PT-BA), afirmou que aprovaria a indicação. “Elmar já manifestou críticas ao PT e a Lula. Se ele vem para a base de sustentação, quem alterou a posição política foi ele, e não nós. Ele é que tem de explicar, e não nós, que buscamos ampliar a nossa base parlamentar no Congresso”, pontuou. Lula tem oferecido muitos espaços a partidos que fizeram oposição ao PT ou apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff (PT). O MDB, por exemplo, deve ficar com dois ou três ministérios.