Lula diz que não existe sustentabilidade ambiental com guerra e cobra aportes de países desenvolvidos

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Foto: Site Metrópoles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (20) que não é possível atingir sustentabilidade ambiental em um mundo em guerra e que é “urgente” buscar uma relação de confiança entre os países.

Lula ainda cobrou novamente os países desenvolvidos para que façam aportes para combater as mudanças climáticas. “É preciso que todos façam a sua parte”, afirmou. O mandatário ainda reforçou o compromisso do governo brasileiro de reflorestar 12 milhões de hectares.

Lula participou de maneira remota do Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima (MEF, na sigla em inglês), que é organizado pela Casa Branca. O evento reúne as 26 maiores economias do mundo e contou com discursos dos líderes desses países. O encontro foi fechado e não houve transmissão.

Embora não seja presencial e o tema não seja política, essa foi a primeira participação de Lula em um evento com potência ocidentais após o princípio de crise por causa das falas do mandatário brasileiro sobre a guerra na Ucrânia.

O presidente aproveitou o evento para pedir paz e acrescentou que é necessário melhorar a relação entre os países. “Os efeitos da mudança do clima agravam ainda mais a pobreza, a fome e a desigualdade no mundo, flagelos que o Brasil combate com todas as forças. Também somos defensores intransigentes da paz entre os povos. Não há sustentabilidade num mundo em guerra”, afirmou o presidente, segundo o discurso que foi divulgado pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

Lula então cobrou novamente os países desenvolvidos para que realizem aportes para combater as mudanças climáticas. “Além da paz, é urgente buscarmos uma relação de confiança entre os países. No entanto, desde a Convenção do Clima, em 1992, no Rio de Janeiro, a confiança entre os atores envolvidos tem declinado. Desde que o compromisso foi assumido, em 2009, o financiamento climático oferecido pelos países desenvolvidos mantém-se aquém da promessa de 100 bilhões de dólares por ano. Como disse no início, é preciso que todos façam a sua parte”, completou.

O mandatário brasileiro aproveitou o evento para divulgar números e promessas de seu governo em relação à área ambiental. Disse que sua gestão vai reverter “todos os danos ao meio ambiente causados pelo governo anterior”.

“Fomos capazes de reduzir o desmatamento da Amazônia em mais de 80% ao longo de uma década, e voltaremos a fazê-lo. Os danos ao meio ambiente causados pelo governo anterior serão revertidos. Para tanto, retomamos o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, que em passado recente foi responsável pela queda recorde na devastação da floresta. Nossa meta é o desmatamento zero”, afirmou o presidente.

“Temos o compromisso de reflorestar 12 milhões de hectares, e estamos fortalecendo os investimentos em bioeconomia, assegurando trabalhos dignos e sustentáveis para os 25 milhões de brasileiros que vivem na região”, completou.

Durante o evento, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que o país pretende injetar US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) no Fundo Amazônia nos próximos cinco anos.

“Hoje tenho a satisfação de anunciar que eu solicitei aos fundos para que a gente possa contribuir com US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia e outras atividades relacionadas com o clima nos próximos cinco anos para ajudar o Brasil a renovar seus esforços a acabar com o desmatamento até 2030”, disse Biden, na abertura do fórum.

O valor é dez vezes superior ao que havia sido sugerido pelos americanos a autoridades brasileiras na visita de Lula à Casa Branca em fevereiro, de US$ 50 milhões, e que foi considerado abaixo das expectativas na ocasião. A proposta acabou retirada.

O novo valor que será destinado ao Fundo Amazônia ainda depende de aprovação pelo legislativo americano.

O anúncio do aporte também acontece após viagem de Lula à China, quando o brasileiro foi acompanhado de uma grande comitiva, teve agendas cheias e voltou com acordos de cooperação assinados e promessas de investimentos.

Renato Machado/Folhapress

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