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Inflação estoura a meta e fecha 2021 em 10,06%, maior alta desde 2015

SAO PAULO - SP - BRASIL - 26.11.2015 - Black Friday
Supermercado Extra da Avenida Ricardo Jafet 
Foto  Reinaldo Canato

Em 2021, o poder de compra do brasileiro voltou a ser assombrado por uma inflação de dois dígitos. Nos 12 meses do ano passado, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou variação de 10,06%.

A alta é a maior para o período de janeiro a dezembro desde 2015 (10,67%), apontam dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado veio acima das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 9,96% no acumulado de 2021.

O IPCA é o indicador oficial de inflação no país. Com o resultado, o índice estourou com folga a meta perseguida pelo BC (Banco Central).

A meta de inflação era de 3,75% no ano passado, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, podendo chegar até a máxima de 5,25%.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá de escrever uma carta explicando o avanço do IPCA acima do intervalo de referência. Será a sexta desde a criação do sistema de metas para a inflação, em 1999.

A carta mais recente foi escrita pelo antecessor de Campos Neto, Ilan Goldfajn, em janeiro de 2018. O texto era relativo à inflação de 2017, mas, na ocasião, o então presidente do BC se justificava por resultado ligeiramente inferior ao limite mínimo estabelecido.

No ano passado, a disparada do IPCA foi impulsionada por uma combinação de fatores díspares.

Houve carestia de preços administrados, como combustíveis e energia elétrica, aumento de itens básicos para as famílias, como alimentos, inclusive por alterações climáticas que afetaram plantio e colheita de diferentes produtos, além de persistente ruptura na cadeia global de abastecimento de insumos industriais, especialmente chips.

No recorte mensal, o IPCA desacelerou para 0,73% em dezembro, informou o IBGE nesta terça-feira.

Analistas consultados pela Bloomberg projetavam variação de 0,64% nessa base de comparação. Em novembro, o IPCA havia subido 0,95%.

“Uma inflação acumulada na faixa de 10% não estava no radar de ninguém no começo do ano passado. Ela se desgarrou de um padrão normal”, afirma o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.

“A inflação ainda não dá sinais de tranquilidade. O cenário é preocupante no início de 2022. Não vai ser fácil trazer a inflação de volta para a meta”, completa.

As informações são de Leonardo Vieceli/Folhapress

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