Grupos já debatem voto nulo em caso de 2º turno entre Bolsonaro e Lula

lula e bozo

Setores empenhados na construção da chamada terceira via para as eleições de 2022 pregam uma campanha em defesa do voto nulo caso a empreitada fracasse e o segundo turno fique entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A ideia circula entre líderes do MBL (Movimento Brasil Livre), que hoje está próximo do ex-juiz Sergio Moro (Podemos), e do partido Novo, que tem como pré-candidato Luiz Felipe d’Ávila. A anulação é vista como protesto diante de um quadro que, se confirmado, seria catastrófico, na opinião dos grupos.

Participantes do congresso anual do MBL, realizado no mês passado em São Paulo, endossaram a mobilização, mas reafirmaram a intenção de evitar a qualquer custo a manutenção do cenário atual, em que Lula lidera as pesquisas de intenção de voto, seguido por Bolsonaro.

“Não seria omissão, mas uma expressão do eleitorado”, resume o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos fundadores do MBL —que é antipetista na origem, apoiou Bolsonaro e rompeu com ele.

Para Kim, “o principal recado de ter a maioria de votos nulos e brancos ou abstenção [não comparecimento] é mostrar que a maior parte da população rejeita os candidatos, e o eleito necessariamente começaria o mandato enfraquecido”.

Na apuração da eleição, nulos e brancos são descartados na contagem final, restando apenas os chamados votos válidos. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem reiterado nos últimos anos que é falsa a informação de que um pleito poderia ser invalidado se mais de 50% dos eleitores anularem o voto.

Segundo Kim, o apelo ao voto nulo é uma alternativa estudada por eleitores refratários aos “dois extremos” e difundida pelo MBL há algum tempo. O deputado afirma ver a possibilidade de Bolsonaro ser ultrapassado por um candidato da terceira via e, com isso, perder a vaga no segundo turno.

A bandeira da anulação também tem adeptos no Novo. O presidente do partido, Eduardo Ribeiro, e o presidenciável da legenda em 2018, João Amoêdo, já deram declarações simpáticas à causa.

Amoêdo compara o ato de decidir entre Bolsonaro e Lula a uma escolha hipotética entre morrer afogado ou com um tiro.

“Precisamos de uma outra opção que não seja nem esses dois nem o Ciro [Gomes, PDT], que é um outro populista”, afirma o deputado federal Vinicius Poit, pré-candidato do Novo a governador de São Paulo. “Eu votaria nulo porque populismo, seja de direita ou de esquerda, não faz bem ao país.”

Poit admite que podem recair sobre a decisão críticas como a de omissão ou de transferência de responsabilidade para eleitores que farão a opção. “Tudo isso vem à minha cabeça. Seria meu primeiro voto nulo, como forma de protesto. O voto é a única coisa que ninguém pode me tomar.”

O deputado diz que usa o risco de uma avalanche de nulos no segundo turno para convencer amigos e eleitores a impulsionarem uma terceira via. “Sempre reforço o apelo para que possamos construir, em diálogo com outras forças e partidos, uma opção que nos livre desse cenário.”

A proposta de estimular o eleitor a digitar na urna eletrônica um número de candidato inexistente é, no entanto, rejeitada em outros grupos e legendas igualmente críticos a Bolsonaro e Lula.

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse recentemente que, se tivesse que optar entre um dos dois atuais líderes das pesquisas, iria de Lula, mesmo com todos os reparos que ele e Ciro fazem ao PT.

“Os dois turnos existem para isso. Entre dois nomes, você escolhe aquele que é mais próximo do que você pensa, ainda que haja divergências”, afirma Lupi à Folha. “Voto nulo é um ato de covardia. Sou de uma época em que protesto se fazia de outra maneira.”

As informações são de Joelmir Tavares/Folhapress

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