Governo escala Janja e ministros para mutirão de exames e cirurgias de programa que é aposta para 2026

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Com aprovação em baixa nas pesquisas de opinião e em busca de marcas para o terceiro mandato, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem intensificado agendas relacionadas ao programa “Agora tem Especialistas”, focado na redução do tempo de espera por atendimento especializado no Sistema Único de Saúde (SUS). As ações envolvem outras pastas além do Ministério da Saúde, e preveem até mesmo a escalação da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, em agenda sobre o tema.

No próximo sábado, 5, ministros do governo rodarão o País para acompanhar um mutirão de consultas, exames e cirurgias que será feito nos 45 hospitais universitários federais. A lista de todos os ministros que vão participar ainda está sendo fechada, mas a previsão é que Camilo Santana (Educação) esteja no Ceará; Wellington Dias (Desenvolvimento Social), no Piauí; Alexandre Padilha (Saúde), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Esther Dweck (Gestão) participem no Rio; e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) no Paraná.

A expectativa é de que Janja também participe do lançamento no Rio, onde o presidente Lula estará por causa do encontro dos Brics, mas a agenda ainda aguarda confirmação. O Agora tem Especialistas é uma das apostas do governo como propaganda positiva durante as eleições de 2026.

Durante o chamado “Dia E” — em referência à inicial da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que faz a gestão dos hospitais universitários —, a expectativa é que sejam feitas 1000 cirurgias eletivas, 5600 exames e 1200 consultas. Os mutirões são um dos mecanismos previstos no Agora tem Especialistas para ampliar o acesso da população à atenção especializada.

O programa é uma proposta de Lula desde a campanha e chegou a ser lançado no ano passado pela ex-ministra Nísia Trindade. Houve uma avaliação, no entanto, de que o formato adotado pela gestão anterior da Saúde estava aquém das expectativas e não tinha sido suficiente para imprimir uma marca do governo na área. A dificuldade em fazer o programa engrenar e trazer holofotes para ações da pasta foi um dos motivos citados nos bastidores para justificar a demissão de Nísia.

O governo tem lutado para fazer com que as políticas criadas no terceiro mandato de Lula se revertam em popularidade para o presidente, o que até agora não aconteceu. Em junho, pesquisa Datafolha mostrou que Lula tem 28% de aprovação e 40% de reprovação.

Desde que assumiu, Padilha afirmou que o programa Agora tem Especialistas era sua “obsessão” por se tratar do “sonho” de Lula. Desde que foi relançado, há um mês, o ministro realizou pelo menos sete eventos públicos com iniciativas relacionadas ao programa. Na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Educação, Camilo Santana, também participaram de agendas do Agora tem Especialistas.

Nesta quarta-feira, 2, durante o lançamento do mutirão que será coordenado pela Ebserh, vinculada ao MEC, Camilo falou que o presidente “tem nos cobrado no dia a dia esse programa.” Na ocasião, o ministro da Educação falou como será o envolvimento do primeiro escalão da esplanada no mutirão: “Cada ministro vai estar num Estado mobilizando a rede de profissionais de saúde dos hospitais universitários”, explicou.

O mutirão realizará procedimentos agendados previamente e atenderá a especialidades diversas. O governo prevê fazer três mutirões neste ano. “O maior e mais diverso mutirão de cirurgias da história do SUS, cobrindo o Brasil inteiro, 45 hospitais no Brasil inteiro, com essa diversidade de cirurgias e exames”, disse Padilha.

No relançamento do programa, em maio, o governo fez uma cerimônia no Palácio do Planalto e realizou eventos simultâneos do Agora tem Especialistas em quatro Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí e Paraná.

Na ocasião, divulgaram a iniciativa em outros Estados o vice-presidente, Geraldo Alckmin; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França; a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

Apesar do intensivo de ações voltadas ao programa, em entrevista ao Estadão/Broadcast, na semana passada, o ministro da Saúde negou que se trate da busca por uma marca.

“Não estamos atrás de marca, mas estamos atrás de cumprir um compromisso que o presidente Lula apresentou durante a campanha eleitoral. Então, eu tenho essa missão que é implementar o Agora tem Especialistas, que é o sonho da vida do presidente Lula”, disse.

Nos bastidores, a visão é de que o formato anterior do programa, lançado por Nísia, traria resultados somente a longo prazo, enquanto que as medidas tocadas por Padilha já podem ser colhidas em um curto período de tempo por ampliar a oferta de serviços a partir de diversos mecanismos, inclusive da incorporação de serviços prestados pela iniciativa privada. Com isso, resultados poderiam já ser sentidos a tempo da eleição de 2026.

Após três anos de mandato, a principal marca do governo Lula 3 é o programa Pé-de-Meia, gerido pelo MEC. A iniciativa prevê a concessão de bolsas para estudantes do ensino médio e é uma ferramenta para evitar a evasão escolar na etapa.

Outra aposta do governo é a ampliação da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. A proposta, no entanto, acabou virando moeda de troca para o Congresso, que usa a matéria para pressionar o governo e atrela sua aprovação a outras demandas.

Paula Ferreira/Estadão

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