Empresários que apoiaram Jair Bolsonaro (PL) reclamam, nos bastidores, que a alta dos juros reduziu o retorno financeiro dos grupos, comprometendo planos futuros de expansão.
Em conversas privadas, grandes empresários avaliam que os juros baixos eram uma das poucas vantagens de Bolsonaro na Economia diante da implosão da agenda liberal, que prometia um Estado menor e menos intervenção na atividade econômica.
Em 2019, primeiro ano do mandato de Bolsonaro, a Selic (taxa básica de juros) era de 6,50%. Em 2020, com a pandemia, o Banco Central cortou para 2% como forma de estimular a economia.
A deterioração do cenário econômico interno e global, porém, fez o BC passar a taxa de 2,75%, no início de 2021, para 11,75% em março deste ano. A sinalização é de que os juros devem continuar em alta.
O impacto dessa alta nas empresas pode ser visto no balanço da Rumo, por exemplo, braço de logística do empresário Rubens Ometto. A elevação da Selic fez a despesa financeira do grupo com juros e variações monetárias bater em R$ 1,6 bilhão no ano passado, impactando diretamente o resultado líquido —que foi de R$ 992 milhões.
Em 2019, primeiro ano do mandato de Bolsonaro, essas despesas da companhia foram de R$ 687 milhões e o resultado líquido, de R$ 1,2 bilhão.
A situação foi ainda pior para a Cosan, do ramo de energia do grupo, que viu o custo da dívida líquida dobrar para R$ 2 bilhões, entre 2020 e 2021.
Julio Wiziack/Folhapress