Dólar sobe na abertura de 2023 após posse de Lula

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O mercado de câmbio iniciava o primeiro pregão de 2023 com o dólar comercial em alta. Às 9h15 desta segunda-feira (2), a moeda americana avançava 1,21%, cotada a 5,3430.

No primeiro dia de negociações do mercado financeiro após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), investidores devem avaliar as primeiras ações do novo governo. No discurso de posse, Lula fez declarações recebidas com ressalvas por analistas do mercado financeiro, que se disseram preocupados com um governo muito interventor na economia e com o equilíbrio das contas públicas.

Lula fez em seus discursos de posse uma forte defesa do Estado no desenvolvimento econômico do país. Ao falar em sessão no Congresso, citou bancos públicos e outras empresas estatais como atores do processo e citou especificamente o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e empresas indutoras “de crescimento e inovação, como a Petrobras”.

Chamou o teto de gastos de “estupidez”, lembrando que ele será revogado. A medida já era prevista pela proposta articulada pelo governo e aprovada pelo Congresso, que expandiu o Orçamento em 2023 e demanda do Executivo a apresentação de uma nova regra para as contas públicas para substituir a atual norma.

O presidente assinou ainda no domingo as primeiras medidas na área econômica, entre as quais uma determinação para que os ministros tomem providências para retirar as estatais do programa de privatizações.

A medida atinge em especial a Petrobras e os Correios, que estavam em processo para privatização já sob análise de membros do TCU (Tribunal de Contas da União).

Lula assinou também a MP (medida provisória) que prorroga a desoneração de combustíveis no país, medida criada por Jair Bolsonaro (PL) em meio ao avanço dos preços do petróleo e que tinha como prazo 31 de dezembro de 2022.

Escolhido pelo PT para a presidência da Petrobras, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) afirmou que a desoneração é válida por 60 dias e defendeu a reoneração em março. Segundo ele, no entanto, para o diesel e o GLP (gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha) está sendo estudada uma continuidade maior da desoneração —de seis meses a um ano.

Prates também disse na última sexta-feira (30) que pretender revisar a política de preços dos combustíveis da estatal, adotada no governo Michel Temer e reforçada pelo governo Jair Bolsonaro, que prevê o acompanhamento da paridade de importação, conceito que simula quanto custaria para importar os produtos.

O conjunto de medidas toca em pontos que regularmente trazem incerteza aos investidores quanto ao risco de crescimento dos gastos públicos. “Possivelmente teremos muita volatilidade neste início de 2023 no mercado até que possamos entender o que é fato e o que é boato”, afirmou Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos.

Na quinta-feira (29), a Bolsa de Valores brasileira fechou 2022 com um ganho acumulado de 4,69%. O resultado positivo da Bolsa era difícil de ser previsto há poucos dias, situação representativa para um ano marcado pela volatilidade nos investimentos provocada por uma crise inflacionária mundial e pelo conturbado cenário político nacional.

Duas semanas antes, o indicador de referência do mercado acionário doméstico, o Ibovespa, acumulava queda anual de quase 2%. Os últimos dias, porém, foram de forte recuperação —a Bolsa subiu quase 7% em duas semanas— conforme investidores passaram a considerar que o governo eleito se mostrava mais atento ao equilíbrio das contas públicas e que o Congresso poderia colocar freios em excessos, como ocorreu com a desidratação da PEC que autorizou a expansão de gastos em 2023.

Na sessão desta quinta, a última do ano, o Ibovespa, recuou 0,45%, aos 109.734 pontos. O dia teve baixo volume de negócios devido à proximidade das festas de fim de ano.

No mercado de câmbio, o dólar comercial à vista fechou o pregão em alta de 0,51%, cotado a R$ 5,2790, na venda. A moeda americana terminou 2022 com uma queda acumulada de 5,3%, a primeira baixa anual desde 2016, quando a divisa havia despencado 17%.

O mercado de ações dos Estados Unidos encerrou na sexta-feira (30) o seu pior ano desde a crise do setor imobiliário americano de 2008. A rápida elevação da taxa de juros no país, medida adotada para combater a maior inflação em quatro décadas, está por trás desse resultado.

Além da concorrência que a renda fixa representa para o mercado de ações, analistas passaram a temer que o aperto à oferta de crédito poderá resultar em uma recessão global em 2023, o que seria um cenário ainda pior para as empresas e isso afugentou ainda mais investidores dos chamados mercados de risco.

Referência para os papéis negociados na Bolsa de Nova York, o indicador S&P 500 fechou o ano em queda de 19,5%, o pior resultado anual desde o tombo de 38,5% há 14 anos.

Com um mergulho ainda maior, o índice Nasdaq perdeu 33% neste ano, chegando perto da queda de 40,5% no ano da crise financeira. É neste segmento que estão as médias empresas com grande potencial de crescimento, muitas da área de tecnologia. É um setor sensível à alta dos juros porque o crédito barato se faz necessário para a expansão desses negócios.

Folhapress

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