Carro popular: Lula pediu mais tempo a industriais porque pacote não estava pronto

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A expectativa por um pacote para o setor automotivo era grande entre empresários e trabalhadores, após as sinalizações de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planejava relançar o chamado carro popular – e, assim, estimular a indústria.

Quatorze unidades produtivas pararam suas atividades no País, segundo informações da Anfavea, e as vendas estão em baixa. Para remediar a situação, auxiliares do presidente passaram a falar, nas últimas semanas, em baixar tributos e alavancar o crédito para impulsionar esse mercado, mas sem detalhes, nem abrangência.

Quando Lula convidou cerca de 40 empresários da indústria e sindicalistas para uma reunião na manhã desta quinta-feira, 25, no Palácio do Planalto, a expectativa era a de que o mistério fosse desfeito e as medidas, anunciadas. Mas, logo na chegada, o presidente avisou aos ouvintes de uma maneira que soou informal e franca: “Olha, não tem como ter anúncio agora, não. Vamos ter que acertar mais”, segundo relatou um dos ouvintes.

O clima de decepção que se criou entre os presentes foi amenizado ao longo da reunião que durou cerca de duas horas e contou com falas também de Geraldo Alckmin e de Fernando Haddad. A presença do chefe da economia foi importante para os industriais, pois indicou que, apesar da urgência fiscal (de arrecadar mais), a Fazenda havia aceitado o plano do governo de abrir mão de impostos para ajudar a indústria.

Uma vez que não haveria anúncio, o presidente do grupo Stellantis (Fiat, Citröen, Jeep e Peugeot), Antonio Filosa, sugeriu que o governo informasse ao público pelo menos a linha de corte do mercado que seria afetado. Coube a Alckmin anunciar aos presentes que o governo mira benefícios para automóveis de até R$ 120 mil – o valor é considerado o de carros de entrada no mercado atualmente, além da faixa de desconto sobre o valor dos veículos, de 1,5% a 10,96% – teto esse que teve de ser corrigido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) à tarde, uma vez que, na coletiva, Alckmin havia dito 10,79%.

Não foi informado o impacto fiscal do programa, o prazo de duração, já que é temporário, tampouco a redução por alíquota do IPI e do PIS/Cofins.

Encomenda

Partiu do Palácio do Planalto, mais precisamente de Lula, a encomenda de um plano com foco no setor automotivo. A missão ficou a cargo do MDIC, que por sua vez estava trabalhando em agendas de mais longo prazo, como a chamada “neoindustrialização” e a próxima geração do Rota 2030, programa voltado ao setor automotivo para estimular a descarbonização.

Não havia nada de carro popular na agenda do ministério, nem incentivos tributários, mas a missão foi acatada. Em 15 dias, segundo informou Alckmin, as medidas de impacto fiscal entregues para os cálculos da Fazenda serão anunciadas.

A espera pelo plano do governo provocou um efeito adverso, relatado a Lula por Filosa. Assim como os industriais, os consumidores haviam criado expectativas – e, com isso, o mercado, que já estava fraco, congelou. Quem estava prestes a comprar um carro decidiu esperar para ver o que virá do governo, sob pena de perder o desconto. E isso afetou as vendas até mesmo de carros mais caros. Por isso, foi sugerido a Lula que o governo informasse ao menos a linha de corte do mercado que seria afetado.

Estadão

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