Joe Biden terá nesta quinta-feira, 9, sua primeira reunião desde que chegou à Casa Branca com o colega brasileiro Jair Bolsonaro, um encontro no âmbito da Cúpula das Américas, onde o presidente dos Estados Unidos defendeu unidade e diálogo.
“Vamos trabalhar para construir o futuro que esta região merece”, disse Biden na quarta-feira ao final do discurso de abertura do evento, no qual afirmou que a democracia “é o ingrediente essencial para o futuro”.
“Nossa região é grande e diversificada. Nem sempre concordamos em tudo, mas em uma democracia abordamos nossas divergências com respeito mútuo e diálogo”, disse. Uma afirmação que ele poderá colocar em prática nesta quinta-feira com o presidente de extrema-direita.
Inicialmente, Bolsonaro relutou em comparecer à Cúpula das Américas, mas um cenário de intensa atividade diplomática e a oferta de um encontro bilateral acabaram por convencê-lo.
Grande admirador do ex-presidente republicano Donald Trump, Bolsonaro tem pouca afinidade com Biden e foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer sua vitória eleitoral.
As divergências entre ambos são óbvias: o Brasil permanece neutro a respeito da guerra na Ucrânia, na qual os Estados Unidos lideram a mobilização ocidental e, assim como Trump, Bolsonaro levantou sem provas o fantasma de uma possível fraude eleitoral nas eleições presidenciais de outubro, quando enfrentará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Este será um dos temas abordados na reunião bilateral, quando Biden mencionará a importância de “eleições abertas, livres, justas, transparentes e democráticas”, afirmou na quarta-feira Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional de Biden.
Os dois presidentes também discordam sobre a mudança climática. Bolsonaro considera que Biden tem uma “obsessão pela questão ambiental” devido às pressões para que o Brasil combata de maneira ativa o desmatamento na Amazônia.
A nona Cúpula das Américas é afetada pela ausência de vários presidentes, incluindo o mexicano Andrés Manuel López Obrador, descontente com a decisão de Washington de excluir os governos de Cuba, Nicarágua e Venezuela, por considerá-los ditaduras.
López Obrador enviou seu chanceler, Marcelo Ebrard, que considerou a exclusão um “erro estratégico” e disse que o México defende “refundar a ordem interamericana”. “É evidente que a OEA e sua forma de atuar estão esgotadas”, afirmou sobre a Organização dos Estados Americanos.
O governo dos Estados Unidos precisa atuar com cuidado para não perder influência em uma região na qual a China avança e se tornou a primeira ou segunda sócia comercial de muitos países. A Cúpula das Américas deveria servir justamente para estimular a relação de Washington com os países latino-americanos e superar Pequim.
De acordo com o Council of Foreign Relations, o presidente chinês, Xi Jinping, visitou a região 11 vezes desde que assumiu o cargo, em 2013, e Joe Biden nenhuma desde janeiro de 2021.
AFP