Bolsonaro ataca carta pela democracia e fala em ‘caras de pau’ e ‘sem caráter’

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou nesta terça-feira (2) de “cara de pau” e “sem caráter” quem assinou o manifesto pró-democracia organizado pela USP e que será lido no próximo dia 11 de agosto.

Hoje já são mais de 661 mil signatários na Carta em defesa do Estado Democrático de Direito, organizada pela sociedade civil e por setores do empresariado como reação às falas golpistas do chefe do Executivo.

“Esse pessoal que assina esse manifesto é cara de pau, sem caráter, não vou falar outros adjetivos, porque sou uma pessoa bastante educada”, disse o mandatário, em entrevista à Rádio Guaíba. Na véspera, ele havia chamado empresários de aderirem à carta de “mamíferos”.

Apoiaram o texto os banqueiros Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, copresidentes do conselho de administração do Itaú Unibanco, e Candido Bracher, ex-presidente da instituição financeira e hoje também integrante de seu conselho, dentre outros importantes nomes do setor.

Bolsonaro disse na entrevista desta terça-feira que o manifesto é apoiado por banqueiros que perderam cerca de R$ 20 bilhões de receita por causa do Pix, artistas “desmamados” da Lei Rouanet, e comunistas.

Segundo pesquisa Datafolha desta semana, a campanha golpista de Bolsonaro contra o sistema eleitoral e o Judiciário é vista com preocupação pela maioria dos brasileiros, que acreditam que as ameaças têm de ser levadas a sério pelas instituições. Ao mesmo tempo, o mesmo contingente não vê o presidente dando um golpe.

Nos últimos meses, Bolsonaro retomou com força sua carga contra as instituições, seja por convicção, seja pelo temor de derrota na eleição e possível exposição sua e de sua família à Justiça comum —as acusações contra o clã Bolsonaro se acumulam.

Bolsonaro convocou a população a ir às ruas novamente no 7 de Setembro deste ano criticando os “surdos de capa preta”, ou seja, ministros do Supremo e do TSE.

Isso ocorreu em 2021, quando acabou entregando o controle do governo ainda mais ao centrão devido ao risco de ruptura e eventual processo de impedimento.

Marianna Holanda/Folhapress

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