O ataque dos Estados Unidos a três instalações nucleares iranianas, realizado no sábado (21) por ordem do presidente Donald Trump, aumentou a tensão no Oriente Médio e deixou os mercados globais em alerta.
Apesar da gravidade do episódio, a reação inicial dos mercados foi mais contida do que se previa. O petróleo Brent chegou a subir até 5,7% na abertura dos mercados asiáticos, atingindo US$ 81,40, mas devolveu parte dos ganhos ao longo do dia, sendo negociado na faixa de US$ 77-78 por barril.
Analistas do Morgan Stanley e de outras instituições destacam que choques geopolíticos desse tipo costumam gerar volatilidade passageira, a menos que haja uma ruptura significativa na oferta global de petróleo, como o fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã – o que foi aprovado pelo Parlamento iraniano mas ainda não foi realizado – ou uma disparada do Brent acima de US$ 120.
O maior risco segue sendo a possibilidade de interrupção no fluxo de energia pelo Estreito, responsável por 20% a 30% do petróleo transportado globalmente, além de gás natural liquefeito do Qatar e dos Emirados Árabes.
Caso o Irã cumpra a ameaça de bloqueio, o impacto pode ser imediato na logística energética mundial, pressionando ainda mais os preços e aumentando o risco de inflação global.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu neste domingo (22) que a “punição continuará” contra Israel, em sua primeira declaração após os Estados Unidos se juntarem aos ataques israelenses contra o país persa.
Depois de dias de incerteza sobre uma possível intervenção direta, Donald Trump bombardeou na madrugada deste domingo (22, noite deste sábado no Brasil) as três principais instalações nucleares de Teerã, Fordow, Natanz e Isfahan.
“O inimigo sionista cometeu um grande erro, um grande crime; deve ser punido e está sendo punido; está sendo punido neste exato momento”, disse Khamenei em um post no X.
A publicação também foi acompanhada por uma imagem de um crânio em chamas com a estrela de Davi, com edifícios pegando fogo ao fundo.
Mais tarde, o Irã ameaçou atacar bases militares americanas no Oriente Médio em retaliação aos ataques de Washington.
Um assessor do aiatolá afirmou que os Estados Unidos “já não têm lugar” no Oriente Médio e que terão que “arcar com as consequências irreparáveis” dos ataques.
O anúncio ocorre em um momento que Tel Aviv fez uma nova ofensiva contra o inimigo. O Exército israelense anunciou neste domingo que realizou ataques contra alvos militares no oeste do Irã, incluindo locais de lançamento e armazenamento de mísseis.
Segundo a nota, os bombardeios atingiram “depósitos e infraestrutura de lançamento de mísseis”, além de “instalações de satélites e radares militares” localizadas na região oeste do país.
Ainda neste domingo, a imprensa iraniana noticiou que Israel também teria atacado vários pontos do noroeste do Irã. Ao menos três pessoas morreram quando uma ambulância foi atingida por um bombardeio israelense no centro do país, segundo o relato.
Uol