Foto: Assessoria do Diretor
Quando ouvimos a palavra esporte algumas imagens podem nos vir à cabeça: as diversas modalidades esportivas, o bem-estar físico que a prática esportiva traz, quem sabe uma partida acalorada do BA-VI nos estádios de Salvador ou o baba dos fins de semana nos bairros. O esporte é um assunto com muitas vertentes, mas os efeitos sociais que ele provoca são, sem dúvidas, a mais importante.
Mas, finalmente, o que é o esporte?
Para o Estado é dever constitucional e dispositivo que movimenta grandemente a economia; para o cidadão é o lazer e a saúde, para os moradores de bairros mais carentes pode ser a oportunidade de uma vida melhor, o resgate da autoestima e da valorização social.
Em um país onde mais de 80 jovens são mortos diariamente por conta da violência – o que nos dá a dimensão da vulnerabilidade infanto-juvenil – o desporto tem se mostrado mais eficaz do que as ações governamentais de combate à violência; já são milhares de vidas transformadas pelo esporte no Brasil e milhões em todo mundo.
Preso mais de 30 vezes, com apenas 13 anos, um adolescente do estado de Nova York, nos Estados Unidos, foi mandado para um reformatório juvenil, onde trabalhava um orientador chamado Bob Stewart, que prometeu ao garoto ensinar boxe se, em troca, ele prometesse manter-se longe dos problemas e das gangues. O garoto aceitou, dedicou-se ao esporte, e ali nascia uma lenda mundial do boxe, que conhecemos como Mike Tyson.
A história de Tyson, como muitas outras, nos dá a dimensão do poder social transformador que o esporte tem, e de quão poderoso é como arma de promoção da cidadania, com poder de mudar a vida de crianças e adolescentes carentes, e de tecer histórias de superação.
Acontece que os valores esportivos e seus efeitos sociais são discursos corriqueiros entre políticos, empresários, pessoas públicas. entre outros. Até a Rainha Elizabeth II, da Inglaterra, discursou sobre a importância do esporte como fomento ao respeito e à honestidade, além de destacar o poder do esporte para criar uma sociedade mais unida. Todavia, na prática, fica claro que, no Brasil, os investimentos no esporte ainda estão aquém do desejado: patrocínios, fomentos, bolsas, incentivos, tudo que está ao alcance daqueles que discursam em prol do esporte precisa ser ampliado. O apoio ao esporte no Brasil está desnutrido e agoniza, podendo apagar talentos promissores. Nesse aspecto, orgulho-me de estar à frente da diretoria esportiva de uma das capitais que mais investem e fomentam a prática do esporte no país.
Quando se trata de esporte, fica claro que a Prefeitura Municipal de Salvador entende que precisamos transformar discurso em ação e que para valorizar o esporte não devemos esperar nossos esportistas ganharem medalhas, troféus ou subirem ao pódio. Igualmente, não podemos voltar os olhos ao esporte somente em tempos de olimpíadas, copas ou campeonatos. O esporte precisa ser alcançado e incentivado em sua gênese, a exemplo de campeonatos de bairros ou no destaque ao esporte já nos primeiros anos escolares. Esta é uma realidade que exige de um governo responsável e competente a constante atualização de meios, recursos e ações para promover uma política esportiva eficiente, que vise reduzir as desigualdades abissais, tão marcantes em nossa sociedade.
Enfim, o esporte é uma linguagem que identifica e une raças e povos no mundo todo, mas ele é mais que superação, mais do que entretenimento, mais do que bem-estar. Desporto é igualdade, é disciplina, é reconhecimento. E tem efeitos colaterais na melhoria da saúde e da educação, razões bastantes para darmos ao esporte o valor que ele merece. E essa é a minha missão.
Por Felipe Lucas Lima – Diretor Geral de Esportes da Prefeitura de Salvador, ex-vereador e ex-secretário municipal de Ordem Pública