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Após ação judicial, ex-funcionários da Ricardo Eletro cobram direitos trabalhistas

                                                                                  Foto: Xando Pereira

 

Foram oito anos e onze meses como vendedor em uma das lojas da Rede Ricardo Eletro, aqui em Salvador. Durante esse período, Nilmário Quintela relata que sempre desenvolveu, com empenho e dedicação, as funções atribuídas a ele na empresa. Até então tudo fluía, de acordo com ele, de forma normal no aspecto administrativo da firma em relação aos empregados.

Antes da pandemia, Nilmário relata que indícios de uma possível crise já se apresentavam, porém, nada confirmado pelos gestores. “A gente percebia que havia uma baixa na situação financeira deles, já que com o início da pandemia, relataram para nós que as dificuldades estavam atribuídas ao coronavírus”, disse.

No dia 7 deste mês, a Máquina de Vendas, empresa patrona da marca Ricardo Eletro, pediu recuperação judicial na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo. Após esse pedido, todas as lojas do grupo vão ser fechadas.

Na Bahia, a situação deixou aproximadamente 500 funcionários desempregados, muitos nem sequer receberam a rescisão, proposta pela empresa a ser paga em parcelas.

Até março deste ano, 11 lojas ainda funcionavam na capital baiana. Um outro funcionário, que não quis se identificar, relatou que com as restrições sanitárias impostas por decretos, as lojas passaram a funcionar com redução do quadro de colaboradores. Ainda assim, era designado sempre alguém que ficasse na porta das lojas para atrair eventuais clientes.

“Força maior”

O mesmo colaborador nos informou que a empresa passou a não distribuir vales-transporte, tickets – restaurante, além de impedir que a equipe “batesse” o ponto. Ainda segundo esse funcionário, a Ricardo Eletro teria alegado que precisaria fazer demissões por motivo de “força maior”, causada pela pandemia.

Foi o que aconteceu com a estoquista Silvana Silva Santana, que após 4 anos e 10 meses na empresa foi desligada 3 dias antes de iniciar as férias previstas para o último dia 3 de agosto. “No dia 31 de julho, três dias antes das férias, fui avisada do desligamento. Eles alegaram motivo de força maior. Desde que começou a pandemia, chegamos ao ponto de trabalharmos sem água e sem refeição, pois não tínhamos os tickets repassados. Nem acesso aos contracheques a gente estava tendo, pois não estavamos nos enviado”, ressaltou.

Silvana pontua ainda que não consegue contato com o setor de RH da empresa aqui em Salvador. De acordo com a ex-funcionária, os números informados da sede situada em Minas Gerais, também não atendem. “Estamos sem saber se vamos receber nossos direitos. Tem colegas que fizeram acordo para receber em parcelas e estão há três meses sem receber”, pontua.

Além disso, os funcionários colocam em dúvida a posição da empresa em relação à situação. De acordo com relatos dos ex-funcionários, a empresa pretende investir em um outro modo de negócio, o que segundo eles, seria uma rede virtual formada por colaboradores e parceiros.

Prisão do empresário

Com a prisão de Ricardo Nunes, ex-acionista do grupo, no último dia 8 de julho, em São Paulo, a Justiça chegou a determinar o sequestro de bens do empresário, avaliados em R$ 80 milhões de reais. A medida teria o objetivo de ressarcir os prejuízos causados ao estado de Minas Gerais. Ricardo foi solto dez dias após a prisão.

A operação que prendeu o empresário teve o objetivo de combater um esquema de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal em Minas Gerais. As informações são do jornal A Tarde.

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