Aluguel de apartamento no circuito do Carnaval pode custar R$ 30 mil

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Antes mesmo da maratona atrás dos trios elétricos começar, outra corrida tem início em Salvador: a busca por imóveis nas proximidades ou dentro dos circuitos do Carnaval soteropolitano. Quanto mais perto da folia, mais concorrido e valorizado é o preço do metro quadrado que, neste ano, afirmam corretores, está mais caro do que em 2023. O pacote com sete dias de aluguel, para sete pessoas, em um apartamento de alto padrão pode chegar a R$ 30 mil –, ou quase R$ 4,3 mil por dia.

O bairro de Ondina é o mais procurado e também o mais caro. O corretor Pedro Ortega, que trabalha há 20 anos com locação para o Carnaval, explica que o motivo é a proximidade com os principais camarotes da festa. Mas, para quem está com o orçamento mais limitado, ele pontua que existem opções mais distantes, porém mais em conta, em bairros como Pituba, Federação e até na região do Iguatemi.

Segundo Ortega, as buscas por imóveis neste ano aumentaram cerca de 30% em comparação ao Carnaval de 2023. “No ano passado, a festa voltou, mas as pessoas ainda estavam muito receosas por conta da pandemia. Neste ano, houve uma melhora significativa”, afirma.

Para quem ainda está buscando um apartamento para curtir a folia de perto, o corretor revela que pacotes de aluguel por sete dias em um imóvel no modelo quarto-sala podem ser encontrados com valores a partir de R$ 15 mil. As opções mais caras, no entanto, chegam a R$ 30 mil. Esses valores representam um aumento de 50% em comparação ao período pré-pandemia, quando os foliões tinham à disposição pacotes de locação a partir de R$ 10 mil.

“Pacotes em apartamentos com vista para a festa podem custar cerca de três vezes mais. O que importa é a localização, quanto mais perto, mais valorizado. Carnaval é uma festa cara. Não pode deixar nada para cima da hora. Tem cliente que já começou a se programar em abril, março do ano passado”, conta o corretor. Ele afirma, entretanto, que, apesar da proximidade da festa, ainda há opções de imóveis, e muitos outros devem ser colocados à disposição até lá.

Ar-condicionado

Além da localização, outros atributos fazem parte das exigências dos foliões. Também corretora, Amanda Lion conta que ar-condicionado tem sido um dos itens mais buscados.

“Há também muitos grupos que querem ainda condomínio com piscina, elevador e portaria 24h. No final das contas, eles buscam conforto. Mas localização e preço ainda são os mais importantes”, afirma.

Amanda tem visto opções que vão de R$ 6 mil a R$ 25 mil, o pacote com sete dias. O primeiro imóvel negociado por ela para a folia deste ano foi buscado já no domingo de Carnaval do ano passado. Quem conseguiu negociar com antecedência teve melhores condições de pagamento, garante a corretora. Agora, ela lembra que os clientes que vão fechar negócio nesta reta final terão a opção de dividir o pagamento em apenas duas vezes. As opções também serão mais escassas.

“Preciso atualizar quase diariamente a relação de imóveis. Porque, muitas vezes, mostro o apartamento um dia para o cliente e no dia seguinte ele já foi alugado por outra pessoa”, conta a corretora.

De acordo com ela, o circuito Osmar, que vai do Campo Grande à Praça Castro Alves, passa despercebido pelos foliões que estão em busca de apartamentos no meio da folia. Desde que começou a anunciar as opções para este ano, só houve dois interessados na região. Amanda acredita que isso tem relação com as atrações e estruturas do circuito.

Quem acha que os imóveis disponíveis para o Carnaval são próprios para locação por temporada está enganado. Segundo a corretora, apenas cerca de 30% deles são próprios para investimento. Os outros 70% são apartamentos usados para moradia, mas desocupados durante a folia. “Os proprietários já saem de casa neste período, ou porque não gostam da festa ou porque querem aproveitar a oportunidade porque é muito rentável”, explica Amanda. Mas ela estima que, nos próximos anos, com os novos lançamentos de imóveis com perfil para investimento na região da Barra, essa proporção seja mais equilibrada.

Anfitrião

Roberto Freitas está entre esses 30%. Ele tem dois imóveis dentro do circuito Dodô, com 42 metros quadrados cada um. Os dois já foram negociados. O que fica localizado em Ondina acomoda até cinco pessoas e foi fechado por R$ 17,8 mil o pacote com sete dias. Já o outro, na Barra, saiu por R$ 14,9 mil, e recebe até quatro hóspedes.

“Como tenho muitos clientes de reservas de temporada durante o ano, agora em janeiro estou tendo, no mínimo, um contato por dia interessado em locação para o Carnaval. É um período em que a renda é muito melhor que o resto do ano, apesar que, às vezes, com sorte, o mês de janeiro somado à virada do ano o valor total se aproxima do Carnaval”, revela.

Desde 2019, o proprietário anuncia seus imóveis por conta própria, utilizando redes sociais e plataformas de locação por temporada. Para ele, além da localização e da estrutura do imóvel, outro segredo é a comunicação com o anfitrião.

“Vejo muitos vizinhos que demoram mais tempo para alugar ou precisam baixar o valor, pois não tem habilidade ou desconhecem o produto que está vendendo”, opina Freitas.

Diretora de eventos do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci), Consuêlo Leal esperava que as buscas por imóveis crescessem mais em comparação ao ano passado. Ela acredita que o preço das passagens aéreas para Salvador durante o Carnaval pode ter desestimulado os negócios entre os meses de setembro e janeiro.

Mas o Airbnb, usado por Freitas e outros proprietários, também pode ter influenciado. Consuêlo avalia que a popularização da plataforma vem roubando dos corretores uma fatia desta demanda.

“Para os corretores que não estão usando (o Airbnb), está impactando. Já os profissionais que estão se aliando à plataforma estão ganhando menos, mas tem ajudado. O corretor ganha 20% do valor do imóvel. Com o Airbnb cai para 15%. Mas a plataforma só traz o cliente, funciona como um intermediário. Todo o trabalho envolvido em uma locação por temporada, entrega de chave, vistoria, limpeza, continua sendo com o corretor”, explica Consuêlo.

Quem ainda está buscando um imóvel deve ficar atento aos indícios de golpe, ela destaca. Para evitar ser uma das vítimas, a dica da conselheira do Creci é certificar-se da idoneidade da pessoa com quem se está negociando. Se é um profissional da corretagem, é possível verificar sua inscrição junto ao conselho da categoria. Já se a negociação está sendo feita diretamente com o proprietário, a orientação de Consuêlo é buscar confirmar com conhecidos e pessoas que moram próximo a existência do imóvel e a relação da pessoa com ele. Outro passo destacado pela diretora do Creci na Bahia é a necessidade da confecção de um contrato de locação.

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