O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca apoio internacional para seis propostas centrais apresentadas na Cúpula de Líderes da COP-30, em Belém (PA), evento preparatório para a Conferência do Clima da ONU. As iniciativas abordam temas como preservação florestal, combate a incêndios, transição energética, racismo ambiental, mercado de carbono e combate à fome e pobreza — e visam consolidar o protagonismo do Brasil nas negociações climáticas globais.
A principal proposta é o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), criado para remunerar financeiramente a preservação das florestas e gerido pelo Banco Mundial. O Brasil e a Indonésia já anunciaram aportes de US$ 1 bilhão cada, e países como Alemanha confirmaram adesão, embora sem divulgar valores. O governo busca alcançar US$ 10 bilhões até 2026, com a meta final de US$ 125 bilhões, sendo 80% provenientes do setor privado.
Outras propostas incluem o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis, que pretende quadruplicar o uso global desses combustíveis até 2035; e a Declaração sobre Gestão Integrada do Fogo, que incentiva a cooperação internacional para reduzir queimadas e desmatamento até 2030.
Há ainda a Declaração de Belém para o Combate ao Racismo Ambiental, que reconhece que povos negros, indígenas e comunidades tradicionais são os mais afetados pelas mudanças climáticas; a Coalizão Aberta do Mercado de Carbono, que busca harmonizar regras e aumentar a transparência nesse setor; e a Declaração sobre Fome, Pobreza e Ação Climática, que propõe integrar políticas ambientais e sociais, priorizando bem-estar humano e justiça climática.
Segundo Lula, o objetivo é substituir o modelo de doações internacionais por um mecanismo de investimento rentável, que gere retorno financeiro e, ao mesmo tempo, financie países que mantêm suas florestas em pé. O presidente defende que “nenhuma transição ecológica será justa se não incluir os povos que mais protegem a natureza e menos contribuem para sua destruição”.