Em resposta às declarações recentes de Bill Gates sobre as mudanças climáticas, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que o Brasil não vai deixar de investir na transição energética.
“As vantagens competitivas do Brasil são aderentes à agenda climática. Independentemente do que o Bill Gates acha, o Brasil tem energia limpa e barata, e não tem sentido a gente trocar por energia suja e cara”, disse nesta terça-feira (4) durante um evento da Bloomberg em São Paulo.
Gates, cofundador da Microsoft, publicou um memorando na última semana em que reagiu ao que chamou de “perspectiva apocalíptica” sobre os perigos do aquecimento global.
“Embora as mudanças climáticas tenham consequências graves —especialmente para as pessoas nos países mais pobres— elas não levarão à extinção da humanidade”, escreveu o bilionário. “As pessoas poderão viver e prosperar na maioria dos lugares da Terra no futuro próximo.”
Haddad disse que o Brasil continuará investindo na transição. “O setor que mais tem lobby no Brasil é o setor elétrico, é o cara do carvão, é o cara do gás. Tem interesses por todo lado, mas estamos conseguindo dar passos e podemos avançar mais em relação a isso”, afirmou.Segundo um relatório da BloombergNEF divulgado nesta segunda (3), os investimentos anuais em energias renováveis nos mercados emergentes quase triplicaram após o Acordo de Paris, saltando de US$49 bilhões em 2015 para US$140 bilhões em 2024.
Entretanto, o valor repassado aos países de baixa renda não chega a 1% dos US$ 4 trilhões investidos globalmente na última década. Somente a China continental atraiu 40% dos recursos, enquanto as economias desenvolvidas receberam 42%. Nações em desenvolvimento foram o destino de apenas 18% do financiamento.
Haddad voltou a defender o investimento de US$ 10 bilhões em recursos privados no TFFF, o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, até 2026.
Para o ministro, o novo mecanismo é “o carro-chefe” da presidência brasileira para a COP30, a conferência das Nações Unidas sobre mudança climática que se inicia em Belém na próxima segunda (10).
“Para usar uma imagem fácil de entender, [o TFFF] é como se fosse um banco da floresta. Esse fundo capta a uma taxa de juros baixa, empresta uma taxa de juros maior e com a diferença, com o lucro, remunera por hectare as florestas tropicais dos países aderentes à proposta de combater o desmatamento”, disse.