A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na semana passada, interrompeu o crescimento de menções positivas a Lula (PT) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) na imprensa e especialmente nas redes sociais, de acordo com pesquisas que orientam o governo federal.
Os gráficos da sentimetria, métrica que analisa sentimentos em mensagens e as qualifica em positivas, negativas ou neutras— e que é medida diariamente na Secom (Secretaria de Comunicação) —mostravam uma curva ascendente de menções favoráveis ao governo, impulsionada pela resistência de Lula aos ataques do norte-americano Donald Trump ao país.
A maioria dos comentários de internautas se alinhava ao sentimento de que o petista estava certo ao defender o Brasil de Trump, e de que a família Bolsonaro errava e “traía” o país ao estimular uma potência estrangeira a atacar a soberania e a economia brasileiras. Amplos setores econômicos e políticos condenavam Trump e os Bolsonaros, ecoando nas mídias sociais.
Depois da prisão, a curva positiva estacionou. E, pior do ponto de vista do governo e do STF: Bolsonaro, que estava sendo visto como algoz do Brasil junto com seu filho Eduardo Bolsonaro, passou a ser citado em grande número de manifestações como vítima de humilhação.
Profissionais que auxiliam o governo afirmam que o humilhado sempre vence no Brasil já que atrai o sentimento de piedade da maioria das pessoas.
Bolsonaro foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes na semana passada, depois de participar por celular de um ato pelo impeachment do magistrado. A decisão se deu no âmbito do inquérito que investiga se o ex-presidente e Eduardo estão praticando os crimes de tentativa de obstrução da Justiça e coação no curso do processo.
O ex-presidente, que estava proibido de usar redes sociais, inclusive por meio de terceiros, foi filmado em casa dizendo “boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”. A mensagem foi postada pelo senador Flávio Bolsonaro nas redes, e posteriormente apagada.
Mônica Bergamo/Folhapress