Metade dos brasileiros consideram os Estados Unidos o regime mais autoritário do mundo em relação aos outro países, contra os 38% que atribuem esse traço à China. É o que mostra pesquisa da Nexus, realizada entre 15 e 19 de agosto, sobre a imagem comparativa entre as duas potências.
Apesar disso, 60% avaliam que os EUA possuem um regime político mais democrático, contra 25% que veem os chineses dessa forma. A confiança na democracia norte-americana é maior entre pessoas com ensino superior (68%), renda acima de cinco salários mínimos (64%) e moradores do Sudeste (64%).
“Embora mais brasileiros vejam os EUA como mais democráticos que a China, a atual gestão de Donald Trump leva mais gente a considerar o atual regime norte-americano como mais autoritário que o regime chinês”, afirma Marcelo Tokarski, CEO da Nexus.
Já a visão crítica em relação ao autoritarismo americano é mais forte entre jovens de 16 a 24 anos (54%), pessoas com renda de até um salário mínimo (53%), com ensino médio (52%) e moradores do Sudeste (53%). Quem aponta a China como mais autoritária costuma ter renda superior a cinco salários mínimos (46%), ensino superior (44%) e viver no Norte e Centro-Oeste (40%).
“Vale ressaltar que autoritarismo não significa necessariamente um regime ditatorial. Os brasileiros sentem o governo Trump interferindo na política e na economia mundial, principalmente nos países do Brics, como China, Rússia, Índia e África do Sul”, diz Tokarski
A pesquisa entrevistou 2.005 pessoas em todas as 27 unidades da federação. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Os EUA também aparecem como a principal potência política: 70% dos entrevistados os veem como mais influentes nas relações internacionais, contra 20% que citam a China. Essa percepção cresce entre pessoas com ensino superior (77%), renda acima de cinco salários mínimos (76%) e moradores do Sudeste (76%).
Quando o tema é ambiental, há empate: 42% dizem que os EUA são os que mais prejudicam o meio ambiente, mesmo percentual dos que atribuem essa responsabilidade à China. Outros 16% não souberam responder.
A visão crítica aos americanos é maior no Nordeste (46%), entre pessoas com ensino superior (46%) e acima dos 60 anos (43%). Já a percepção negativa em relação à China predomina no Norte e Centro-Oeste (48%), entre pessoas de 25 a 40 anos (48%) e com ensino médio (47%).
Para Tokarski, o resultado simboliza a leitura brasileira da disputa entre as potências: “A percepção de que Estados Unidos e China impactam de forma semelhante o meio ambiente revela um empate curioso. Isso mostra que, para os brasileiros, ambas compartilham responsabilidades em relação aos problemas ambientais globais”.
Mônica Bergamo/Folhapress