Movimento sem cordas que leva tradicionais bandas de sopro, percussão e grupos culturais diversos para o Circuito Orlando Tapajós (Ondina/Barra), o Fuzuê antecipou para baianos e turistas um pouco da magia e animação do Carnaval de Salvador, que começa oficialmente na próxima quinta-feira (27).
Na tarde deste sábado (22), o Grupo da Terceira Idade Eterna Juventude saiu da região do Morro do Gato em direção ao Farol da Barra, abrindo o desfile com marchinhas, relembrando ao folião pipoca o clima dos antigos Carnavais.
Senhoras girando sombrinhas coloridas desfilaram simpatia, mostrando a força do público da terceira idade. “É a primeira vez que saímos e para nós é uma sensação muito boa estar abrindo o Fuzuê 2025 e mostrando que a pessoa na terceira idade está de forma ativa e participativa no Carnaval de Salvador. Hoje estamos com 50 pessoas, muitas mulheres, algumas usando cadeira de rodas, pois é um dia de muita alegria para todos os públicos. Tocamos músicas em homenagem aos 40 anos do axé music e também aos bailes de fantasia dos antigos Carnavais”, conta o vice-presidente do grupo, Jairo Gomes.
Acompanhando todos os detalhes da festa, o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington, salienta a importância desse movimento para a participação de um público diverso e manutenção da folia soteropolitana, a partir da participação das crianças. “O Fuzuê é o abre-alas do Carnaval. Hoje temos aqui várias entidades culturais participando, é muito colorido e muito interessante, porque famílias inteiras vêm, muita gente fantasiada, crianças, idosos. Você vê até carrinho de bebê. Com essa iniciativa, preservamos a tradição do Carnaval, formando o que eu chamo de folião do futuro para a sustentabilidade da festa. Tendo contato com o Carnaval de rua já desde cedo, as crianças, em breve, certamente serão grandes foliões também para a preservação dessa festa tão importante para a nossa cidade”, analisa.
Logo atrás do Bike Fuzuê e do Grupo da Terceira Idade Eterna Juventude, o grupo Zambiapunga de Nilo Peçanha passou com pessoas mascaradas, tocando instrumentos feitos à base de ferramentas de trabalho e búzios, chamando a atenção da criançada. “Como instituição legalizada temos 28 anos, mas como história, temos mais de 200 anos de existência. Para mim, esse é o encontro da cultura popular e é um momento muito importante. Ver se mantendo viva a cultura popular é algo que nos deixa muito felizes. O Fuzuê traz essa visibilidade para os grupos da cultura popular”, conta o mestre e presidente do grupo, Walmório André.
Ele explica que a palavra Zambiapunga refere-se a uma cerimônia religiosa de adoração ao Deus supremo do povo bantu. “Por isso, nós usamos instrumentos inusitados, a exemplo de enxada, que os agricultores usavam para a lavoura, tambor, cuíca e conchas do mar, que eram utilizadas pelos pescadores para chamar os homens na senzala para trabalhar. O mesmo búzio, no mercado, avisava que o peixe chegou. A junção desses instrumentos dá esse som peculiar, que só existe no nosso grupo”, revela.